No Name Boys tinham manuscritos sobre jornalistas, comentadores e directores de clubes
Comissário da PSP, Bruno Pereira, explicou que, além de acções de violência nos estádios e proximidades, foi possível, no decorrer das investigações, perceber que estes indivíduos planeavam, com uma grande organização prévia, o ataque a pessoas de clubes rivais.
No âmbito da Operação Sem Rosto, a Polícia de Segurança Pública (PSP) levou a cabo, esta quinta-feira, uma série de buscas e deteve sete elementos da claque No Name Boys, afecta ao Benfica.
Em causa, segundo o comissário Bruno Pereira, estão vários crimes graves levados a cabo desde Maio de 2019: um crime de homicídio na forma tentada, três de roubo, vários de ofensas à integridade física qualificada - incluindo a agentes da autoridade e a adeptos de clubes estrangeiros -, dano e furto.
Um dos casos é a agressão a um homem alegadamente pertencente à claque Juventude Leonina, ligada ao Sporting, em Maio, em São João do Estoril, concelho de Cascais, confirmou o comissário.
Em conferência de imprensa, Bruno Pereira explicou, que além de acções de violência nos estádios e proximidades, foi possível, no decorrer das investigações, perceber que estes indivíduos planeavam, com uma grande organização prévia, o ataque a pessoas de clubes rivais.
“Tinham registo de moradas e viaturas dos seus alvos e usavam de grande violência”, disse o comissário da PSP, acrescentando que a polícia encontrou ainda listas com dados de jornalistas, comentadores de TV e directores de clubes. “Tinham manuscritos”, referiu, sublinhando que “agrediam violentamente e chegavam a deixar as vítimas inanimadas”. “Muitas vezes, corriam risco de vida”, vincou.
Os detidos têm entre os 22 e os 33 anos e são das zonas de Lisboa, Amadora, Loures e Vila Franca de Xira. Um dos indivíduos foi detido na Amadora de forma colateral, ou seja, não estava directamente ligado a esta investigação, por ter na sua posse uma arma 6.35 mm e droga.
Foram ainda apreendidas “várias munições, um revólver, soqueiras, facas de diversa natureza, potes de fumo, alguns produzidos artesanalmente pelos próprios, protecções que lhes permitiram camuflar a sua identidade, e também uma série de outros artefactos ligados à sua ligação clubística e sprays usados para grafitar locais, colocando lá frases de pressão”.
Bruno Pereira explicou que “esta investigação surgiu ao abrigo do combate e prevenção da violência no desporto e vem complementar acções levadas a cabo por suspeitos que integram esse grupo organizado de adeptos e que, num passado recente, praticaram factos violentos, numa escalada declarada de violência”.