Trabalhadores da Casa Aleixo em protesto contra despedimento

O Sindicato dos Trabalhadores da Indústria Hotelaria, Turismo, Restaurantes e Similares do Norte acusou a Casa Aleixo de ter avançado com “despedimentos ilícitos dos trabalhadores”.

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PAULO PIMENTA

Os trabalhadores do histórico restaurante Casa Aleixo, junto à Estação de Campanhã, no Porto, protestaram nesta terça-feira com cartazes na rua contra os despedimentos e o fecho do estabelecimento por causa da covid-19.

“Estamos aqui em protesto pela Casa Aleixo ter encerrado. Não tínhamos conhecimento e vimos aqui pedir os nossos direitos”, declarou à agência Lusa Célia Santos, uma das funcionárias da Casa Aleixo, com duas filhas, de 10 anos e 1 ano de idade, referindo que está a “receber o subsídio de desemprego”, porque os proprietários “não conseguiram pedir o “lay-off"” simplificado.

Acrescentou que “ainda não recebeu o mês de Abril” e “metade do mês de Maio”.

Junto a uma faixa onde se lia “Trabalhadores da Restauração sem emprego e sem salário”, Lena Mesquita, funcionária na Casa Aleixo há 21 anos, segurava um cartaz em formato A4 com a frase “Restaurante Casa Aleixo Não Pagou os salários de Março, Abril e Maio e despediu todos os trabalhadores”.

A funcionária, que participava na conferência de imprensa e protesto organizados pelo Sindicato dos Trabalhadores da Indústria Hotelaria, Turismo, Restaurantes e Similares do Norte, adiantou à Lusa que estava a lutar pelos seus direitos laborais.

“Estamos aqui a pedir os nossos direitos, porque ele [o patrão] não nos pagou no mês de Abril, no mês de Maio, não tivemos direitos a “lay-off” e agora queremos os nossos direitos”, disse Lena Mesquita, considerando que os “filetes de pescada e de polvo” eram as iguarias mais “famosas” na Casa Aleixo, que teme que nunca mais abra.

À margem da conferência de imprensa e protestos dos trabalhadores, Nuno Coelho, dirigente do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria Hotelaria, Turismo, Restaurantes e Similares do Norte, acusou a Casa Aleixo de ter avançado com “despedimentos ilícitos dos trabalhadores”.

“Os trabalhadores foram surpreendidos com a entrega do modelo da declaração de fundo de desemprego por parte da empresa, sem lhes pagarem os créditos, sem terem uma perspectiva da entidade empregadora” e “ontem [segunda-feira] souberam que a empresa queria abrir insolvência”, disse Nuno Coelho, referindo que a Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT) deu razão àquele sindicato sobre o “despedimento ser ilícito”.

Segundo Nuno Coelho, a ACT também corrobora com o sindicato sobre a Casa Aleixo não ter cumprido os formalismos necessários para “um despedimento e encerramento”, designadamente não ter sido realizado o “processo de despedimento colectivo”.

“Isto aqui é apenas uma pequena amostra daquilo que se está a passar actualmente no sector. Conforme estão estes trabalhadores, estão muitos milhares mais a nível nacional”, colmatou.

Devido à covid-19, o governo português prevê que a economia recue 6,9% em 2020 e taxa de desemprego suba para 9,6% este ano.

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