Brasil ultrapassa o patamar de um milhão de infectados

É o segundo país com mais casos e mortes de covid-19 do mundo, apenas ultrapassado pelos Estados Unidos. Já morreram mais de 48 mil pessoas no Brasil.

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Estudos científicos calcuma que o verdadeiro números de casos pode ser dez vezes superior SEBASTIAO MOREIRA/EPA

O Brasil ultrapassou o limiar de um milhão de infectados confirmados de convid-19 ao ter 1,009,699 casos até ao início da tarde desta sexta-feira, revelou uma contagem feita pelo consórcio de imprensa brasileira. O país da América Latina é o segundo com mais casos e mortes no mundo, ficando apenas atrás dos Estados Unidos, que já regista mais de dois milhões de infectados e mais de 118 mil óbitos. 

O limiar do milhão foi ultrapassado com a revelação dos dados clínicos do estado de São Paulo. Já se esperava que a barreira fosse ultrapassada esta sexta-feira, dado que na quinta-feira os números de casos ficaram muito próximos (998 mil). Além disso, registou-se na terça-feira o maior aumento de infecções desde o início da pandemia em um único dia: 37,278 casos. 

O consórcio de imprensa brasileira, fruto de uma parceria entre o portal G1, O Globo, Extra, Estado de S. Paulo, Folha de S. Paulo e UOL, tem recolhido dados dos 26 estados brasileiros e do distrito federal, cruzando-os, para se ter uma dimensão mais precisa sobre a dimensão da pandemia no Brasil. Vários estudos científicos, diz a Folha de S. Paulo, calculam que o Brasil pode ter até dez vezes mais infectados. A falta de testes e de capacidade para os fazer são duas das razões apontadas para não se saber a real dimensão da pandemia, impedindo assim os profissionais de saúde de preverem o evoluir da situação no terreno. 

Além da falta de capacidades, a subnotificação foi um dos argumentos usados pelo Presidente Jair Bolsonaro para defender a decisão de deixar de divulgar o número total de casos e óbitos, limitando-se a revelar apenas os das últimas 24 horas. A decisão foi encarada como tentativa de esconder a real dimensão da pandemia, uma vez que o chefe de Estado tem desvalorizado a ameaça da covid-19 desde o início e recusado decretar e apoiar o confinamento total, privilegiando a economia, e o Supremo Tribunal Federal obrigou-o a reverter a decisão

A realidade do número de óbitos no Brasil também não tem parado de aumentar e, esta sexta-feira, já tinha ultrapassado as 48 mil mortes. O maior cemitério do país e da América Latina, o de Vila Formosa, em São Paulo, já deixou de ter capacidade para tantos enterros diários e as autoridades aumentaram as exumações de corpos não reclamados enterrados há pelo menos três anos para aumentar o espaço disponível. O estado de São Paulo é o mais atingido do país e o Rio de Janeiro a segunda cidade. 

No entanto, o Ministério da Saúde brasileiro, ainda sem ministro nomeado desde a demissão de Nelson Teich, considerou esta sexta-feira que o país está a “caminho da estabilização”. “Quando você olha a inclinação da curva epidemiológica de novos casos de covid-19 por semana no Brasil, dá a entender que nós estamos entrando num planalto, que a inclinação da curva se encaminha para a estabilidade. É claro que essa tendência de uma estabilidade de novos casos a gente verificou da semana passada para a actual, que nós precisamos confirmar se essa tendência permanece com o passar dos próximos 15 dias”, disse em conferência de imprensa Arnaldo Correia, secretário de Vigilância em Saúde. 

Mas a Organização Mundial de Saúde, que exigiu transparência dos dados ao Governo de Bolsonaro, tem opinião contrária e alertou que “o mundo está numa fase muito perigosa”. “A pandemia está a acelerar. Foram ontem relatados à OMS mais de 150 mil casos, o número mais alto num único dia. Quase metade desses casos foram relatados no continente americano e outra grande parte no sul da Ásia e no Oriente Médio”, disse o director-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus. 

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