O Regresso ao Futuro quer passar uma mensagem de “esperança e resiliência” aos artistas

São 24 concertos em 24 teatros municipais espalhados um pouco por todo o país, com hora marcada para as 21h30. Os bilhetes têm o preço único de 10 euros e o objectivo é ajudar a indústria musical a recuperar das perdas durante o confinamento.

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A fadista Ana Moura vai actuar no Quartel das Artes, em Oliveira do Bairro FRANCISCO ROMAO PEREIRA

Não tem planos para este sábado à noite? Então o festival Regresso ao Futuro pode ser uma opção para animar o serão, a partir das 21h30. Este evento conta com 24 concertos em 24 salas nacionais, que vão acolher alguns dos maiores nomes da música portuguesa, como António Zambujo, Salvador Sobral, Carolina Deslandes ou Áurea. Os bilhetes custam 10 euros e as receitas têm como destino o Fundo de Solidariedade para a Cultura, criado pela Audiogest e pela Gestão dos Direitos dos Artistas, que apoia os trabalhadores das artes. Para além do apoio através dos bilhetes, o público é também convidado a doar alimentos não perecíveis que serão distribuídos pela União Audiovisual, um grupo de profissionais técnicos que está a apoiar colegas com necessidades alimentares.

“A ideia surgiu um bocadinho para aproveitar a reabertura dos teatros e para passar ao público e à comunidade artística uma mensagem de esperança e resiliência”, conta ao PÚBLICO Vasco Sacramento, director da agência de concertos Sons em Trânsito, uma das entidades envolvidas na organização. O nome representa o “regresso aos palcos” e os olhos postos no futuro que “há-de ser melhor do que aquilo que estamos a viver”.

Nas últimas semanas, somaram-se protestos da comunidade artística à falta de apoios estatais, mas Vasco Sacramento acredita na vontade do Governo de “não deixar as pessoas cair”. 

Samuel Úria vai actuar no Cinema São Jorge em Lisboa e fala de uma “situação delicada”. “Agora vai ser o desconfinamento e não sabemos como são os receios das pessoas de ir para uma plateia e a diminuição do poder de compra vai afectar coisas tidas como dispensáveis, como a cultura”, explica o músico. Já o Cine-Teatro de Rio Maior vai receber Carlão, que acredita que a pandemia “veio mostrar novamente a precariedade do meio artístico em Portugal”.

O festival serve também para celebrar os teatros municipais. “A maior parte das salas em Portugal são teatros municipais e são o principal garante da programação artística nacional. São os teatros municipais que garantem a sobrevivência da indústria cultural e o acesso de muitas populações de territórios pequenos a propostas culturais de qualidade”, refere Vasco Sacramento, que sublinha que “se há entidades que merecem essa celebração conjunta da fruição cultural, são os teatros municipais”.

“Um teatro pequeno privilegia sempre um contacto muito próximo com o público e eu gosto muito disso, adoro tocar em salas mais pequenas”, realça Carlão. Já Samuel Úria acredita que o “repovoamento dos palcos tem de começar em organismos como os teatros municipais”, e que “não haveria sítios melhores para recomeçar”.

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