Semana da Cultura Chinesa em Macau para combater slogans e melhor entender a China

Durante cinco dias serão lançados livros traduzidos pela primeira vez do chinês para português, de áreas como o pensamento, a poesia, a pintura, a etnografia e a estratégia militar.

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Daniel Rocha

A Semana da Cultura Chinesa abre esta segunda-feira em Macau com o lançamento de livros traduzidos pela primeira vez do chinês para português, um passo para combater slogans e melhor perceber a China, disse à Lusa um dos organizadores.

A iniciativa é promovida pela Fundação Rui Cunha, que acolhe o evento, o jornal Hoje Macau e a editora Livros do Meio, durante a qual serão lançados sete livros, cinco dos quais nunca tinham sido traduzidos antes do chinês para português.

“Acho que é até um pouco o nosso dever, e a obrigação da comunidade portuguesa de Macau, encetar esse trabalho”, sustentou o director do Hoje Macau e proprietário da editora. “Este é um primeiro passo. E também quero mostrar à comunidade chinesa em Macau que a comunidade portuguesa se interessa pela sua cultura e que quer entender, que não estamos aqui para estarmos fechados na nossa própria bolha e que há pessoas que têm interesse em ir mais longe e em entender melhor o que passa do outro lado”, acrescentou Carlos Morais José.

“Estes livros ajudam muito, não só em extensão como em profundidade, a compreender a mente chinesa. As pessoas vivem um bocado de slogans e de lugares comuns”, explicou o jornalista e editor. Afinal, “é muito importante, no mundo contemporâneo, compreender a China, que se tornou num dos parceiros mais importantes no mundo global”, até porque “existem muitos mal-entendidos em relação à China e à cultura chinesa”, disse ainda Carlos Morais José.

Pensamento, poesia, etnografia, estratégia militar e teoria da pintura são os temas abordados nos livros que vão ser lançados durante os cinco dias da semana cultural, com sessões às 18h30 (11h30 em Lisboa).

No dia da abertura, esta segunda-feira, são apresentados dois livros do cânone confucianoEstudo Maior (Da Xue) e Prática do Meio (Zhongyong).

“O confucionismo é uma doutrina moral” com impacto “num terço da humanidade: China, Japão, Coreia, Vietname, de algum modo a Tailândia, o Laos, o Camboja, um pouco a Indonésia” e, por isso, “é importante para compreender muitos dos comportamentos dos orientais, e dos chineses em particular”, salientou Carlos Morais José.

Os livros a lançar durante esta semana cultural “explicam, talvez de uma forma que até hoje nunca vi em português, os conceitos do pensamento chinês, que é uma coisa difícil de apreender, na verdade”, concluiu o editor.

Na terça-feira, é a vez de As Leis da Guerra, de Sun Bin, um descendente de Sun Tzu, o autor da famosa Arte da Guerra. Um dia depois, é lançado O Divino Panorama – Um Inferno Chinês, um texto “que reúne influências do budismo, taoismo e confucionismo na construção de um mundo infernal onde as almas dos mortos se expurgam dos erros e pecados cometidos em vida”, destaca a organização. Na quinta-feira, são dados a conhecer dois volumes de ensaios fundamentais sobre a pintura clássica, do século VI ao século XVIII, para, finalmente, no último dia, se dar espaço à poesia com o lançamento de Balada do Mundo, de Li He, um poeta da dinastia Tang.

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