Procurador sueco identifica assassino de Olof Palme e fecha caso com 34 anos

O ex-primeiro-ministro foi morto em Estocolmo, em 1986. Até agora nunca se soube quem tinha sido o autor do homicídio, que é um dos mistérios internacionais mais duradouros.

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Reuters/Bob Strong

Terá sido Stig Engstrom, um designer gráfico, a assassinar o primeiro-ministro sueco Olof Palme em 1986, afirmou esta quarta-feira o procurador Krister Petersson, ao anunciar o resultado de uma nova investigação a um crime que assombra a Suécia há décadas. O caso será agora encerrado.

“A pessoa é Stig Engstrom”, disse Petersson em conferência de imprensa. “Porque já morreu, não posso acusá-lo e decidi fechar a investigação.” O procurador, no entanto, não põe de parte a possibilidade de que Engstrom fizesse parte de uma conspiração mais vasta para matar Palme, relata o New York Times.

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EPA/Stina Stjernkvist

Engstrom não é uma personagem nova no caso: conhecido como o “homem da Skandia”, trabalhava numa empresa de seguros com esse nome que ficava próxima do local do crime. Foi uma das 20 testemunhas do crime, mas terá mentido às autoridades, dizendo que tentou reanimar o ex-primeiro-ministro sueco depois de aquele ter sido baleado. Mas suicidou-se em 2000, com 66 anos.

Olof Palme, na altura com 59 anos, foi assassinado no dia 28 de Fevereiro de 1986 em Estocolmo, depois de sair do cinema com a sua mulher. Foram seguidas várias pistas que nunca levaram a bom porto, como ligações ao Curdistão, à máfia italiana, a assassinos a soldo do sistema de Apartheid na África do Sul - o escritor sueco Stieg Larsson entregou informação à polícia sobre esta pista - ou fascistas chilenos, mas o autor do crime nunca foi identificado.

A morte de Palme tornou-se um mistério que alimentou um manancial de policiais nórdicos, sem que houvesse um detective capaz de o resolver. 

Olof Palme, do Partido Operário Social-Democrata sueco, foi primeiro-ministro entre 1969 e 1976, e depois entre 1982 e 1986. Durante os seus mandatos, ficou conhecido pelas suas políticas progressistas e pelo apoio aos sindicatos, bem como pelas críticas à política externa dos Estados Unidos e da União Soviética.

O mistério do homicídio de Olof Palme foi no entanto largamente resolvido pela investigação de um jornalista sueco, Thomas Pettersson, em 2018, que descobriu um elo de ligação entre o assassino e um coleccionador de armas que era ex-militar e detestava Palme e os seus ideais socialistas, descreve o New York Times. A polícia tinha encontrado em 2017 na sua colecção uma arma que corresponde à que teria sido usada para matar o ex-primeiro-ministro socialista — sem conseguir estabelecer uma relação causal com o homicídio.

Mas o jornalista descobriu que Stig Engstrom trabalhava perto do local do crime, que era membro de um clube de tiro, que tinha ideias políticas contrárias a Palme, e ressabiamentos pessoais, com a sua vida e carreira — o que correspondia ao perfil do assassino traçado pela polícia sueca. A sua ex-mulher, no entanto, nega a acusação. “Era demasiado cobarde para o fazer. Está fora de questão”, disse ao diário sueco Expressen.

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