Treinadores da I Liga já podem fazer cinco substituições nos jogos

A Assembleia-Geral da Liga de Clubes permitiu traçar também – e para já – o destino de Farense, Nacional, Cova da Piedade e Casa Pia.

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A AG desta segunda-feira LUSA/JOSÉ COELHO

Aos onze jogadores que cada equipa tem dentro de campo juntam-se nove fora dele e cinco substituições ao dispor dos treinadores. Este é, a partir desta segunda-feira, o “novo futebol” em Portugal, agora que está aprovada a medida de aumentar o número de substituições de três para cinco e o número de suplentes de sete para nove – o esforço físico pedido aos jogadores, num calendário recheado de muitos jogos em poucos dias, justifica a ideia de alterar temporariamente a lei 3 das Leis do Jogo.

A decisão, em vigor já para a jornada 26 da I Liga, saiu da assembleia geral (AG) da Liga de Clubes, reunião que permitiu traçar também – e para já – o destino de Farense, Nacional, Cova da Piedade e Casa Pia.

Os clubes decidiram que os dois primeiros subirão mesmo da II Liga para a primeira, enquanto os dois emblemas da região de Lisboa vêem, desta forma, confirmada a descida de divisão do segundo escalão para o Campeonato de Portugal.

Uma decisão administrativa – a II Liga não será retomada, devido à pandemia – que promete ainda motivar uma longa e já prometida batalha jurídica por parte, sobretudo, do Cova da Piedade, que pretende evitar a descida, e do Feirense, que pretende ainda ver retomada a competição, lutando pela subida ao primeiro escalão.

Foi aprovado ainda o plano de apoio financeiro aos clubes do segundo escalão. Um fundo de 1,52 milhões de euros junta-se ao milhão já avançado pela Federação Portuguesa de Futebol, dando aos clubes qualquer coisa como dois milhões e meio de euros – cerca de 170 mil para cada clube.

Pedro Proença fica

Excepcionalmente organizada no auditório da Ordem dos Contabilistas Certificados, já que a sala da sede da Liga não é grande o suficiente para que fossem cumpridas as regras de distanciamento social, a reunião dos clubes não serviu para forçar a destituição do presidente da Liga, Pedro Proença - algo veiculado nos últimos dias.

À entrada para a AG, Pinto da Costa, recentemente reeleito presidente do FC Porto, avançou que não tinha “a mínima dúvida” de que Pedro Proença iria continuar como presidente da Liga. E reforçou, inclusivamente, o apoio do clube nortenho ao ex-árbitro.

Terminada a AG, foi dada razão ao dirigente portista. Apesar de muito discutida durante a última semana, a saída de Pedro Proença não é, até ver, uma realidade. E não há evidência de que tenha sido sequer discutida na ordem de trabalhos.

Sónia Carneiro, directora-executiva da Liga, garantiu, após uma reunião de mais de cinco horas, que Proença “sai de forma tranquila e com sensação de dever cumprido”. “Todas as propostas foram aprovadas. Em nenhum momento o presidente esteve em causa”, acrescentou.

Vieira critica líder da Liga

Apesar da AG aparentemente pacífica, mesmo para o contestado Pedro Proença, Luís Filipe Vieira, presidente do Benfica, assumiu, no final da reunião, que o clube tem divergências com a direcção da Liga. Dizendo que a posição de Proença “não sai mais frágil nem mais reforçada” depois desta AG, o presidente “encarnado” detalhou o que o distancia do actual líder da Liga.

“A divergência que temos não é da qualidade da gestão. A nossa divergência - e profunda - é a maneira como ele gere todos os presidentes. A Liga não pode ser gerida pela vontade de cada um. A liderança não se aprende, nasce com as pessoas. Um líder não grita que é líder, é aceite como tal pelos outros. Líder é um homem que não divide e que não presta vassalagem. Toda a gente sabe qual é a divergência do Benfica com Pedro Proença, que tem que ver com a carta enviada ao Presidente da República sobre os jogos em canal aberto – que é uma coisa impensável, porque são os operadores que dão o sangue aos clubes”, explicou o presidente “encarnado”, em conversa com os jornalistas.

Apesar de não apelar directamente à destituição de Proença, Luís Filipe Vieira alertou que se o novo modelo de gestão idealizado pela Liga for aprovado, então não haverá outro caminho que não o das eleições no organismo de futebol. E, aí, “aparecerão, com certeza, mais candidatos, e o Benfica decidirá qual apoia”. “Pelo menos, já vieram dois [possíveis candidatos] ter comigo com intenções de se candidatarem”, avançou.

Por fim, o presidente do Benfica negou que os “encarnados” queiram a sede da Liga de Clubes em Lisboa e avançou, inclusivamente, que pretende que o organismo continue na cidade do Porto e no edifício em que actualmente funciona.

Esta reunião contou com a presença de todos os clubes dos dois primeiros escalões do futebol nacional, ainda que, dos três “grandes”, apenas FC Porto e Benfica tenham sido representados pelos presidentes: ao contrário de Pinto da Costa e Luís Filipe Vieira, Frederico Varandas, líder do Sporting, abdicou da presença em favor de Miguel Nogueira Leite, membro do Conselho Directivo “leonino”

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