Só o comboio suburbano escapou à queda de passageiros no primeiro trimestre

Queda de passageiros foi transversal a todos os modos de transporte devido aos efeitos da crise de saúde pública, com excepção do transporte ferroviário suburbano, mostram os dados do INE. No transporte de mercadorias só o transporte aéreo cresceu.

Foto
Os comboios transportaram 39,5 milhões de passageiros no primeiro trimestre Paulo Pimenta

Do transporte aéreo de passageiros ao fluvial, a actividade dos transportes portugueses viu-se confrontada com quebras expressivas de passageiros no primeiro trimestre devido ao impacto da covid-19. A excepção foram os comboios suburbanos.

Segundo o Instituto Nacional de Estatística (INE), o movimento de passageiros nos aeroportos portugueses (embarques, desembarques e trânsitos directos) ficou marcado por “acentuadas reduções”, totalizando 9,5 milhões de passageiros transportados, menos 15,4% face ao mesmo período de 2019 (depois de um aumento de 6,3% nos três meses anteriores).

O impacto das medidas que restringiram a circulação no espaço aéreo no mês de Março traduziu-se em quedas trimestrais que oscilaram entre -55,8% no aeroporto do Porto e -49,1% no do Funchal. Com a aplicação de medidas de confinamento e, logo a seguir, com a declaração do estado de emergência, a partir do início da segunda quinzena de Março verificaram-se reduções “acima de 90% nos últimos dias”.

No conjunto dos três meses, o tráfego internacional movimentou 7,8 milhões de passageiros (menos 13,8%), concentrando 82,4% do tráfego total.

O efeito da pandemia também se fez notar no transporte por metropolitano, que diminuiu 5,6% (pese um aumento de 13,8% no trimestre anterior) com 58,8 milhões de passageiros transportados, “em resultado da forte redução no número de passageiros no mês de Março”, que foi de 45%.

O transporte fluvial de passageiros decresceu 12,1%, após um aumento de 6,2% no quarto trimestre, atingindo 4,3 milhões de passageiros transportados, também como resultado da pandemia, que praticamente levou à “paralisação do transporte de passageiros em transportes públicos” em Março.

Quanto ao transporte ferroviário, o INE revela terem sido transportados 39,5 milhões de passageiros, o que representa um aumento de 6,4%, mas muito abaixo dos 32,4% de aumento registados no último trimestre de 2019.

“Em tráfego suburbano movimentaram-se 36,3 milhões de passageiros, com um aumento de 8,8%” (inferior aos 34,9% do final de 2019). Porém, em tráfego interurbano e em tráfego internacional, o número de passageiros transportados, que foi de 3,2 milhões e 30 mil passageiros, respectivamente, revelou descidas de 14,9% e de 29,5%.

Movimento nos portos continua em queda

Quanto ao movimento de mercadorias, no período em que se iniciou o combate à crise de saúde pública, “o transporte aéreo de mercadorias foi o único modo a manter a tendência de crescimento, apesar da desaceleração” – cresceu 4,2%, depois de um aumento de 16,2% no final de 2019.

Nos transportes marítimo, ferroviário e rodoviário de mercadorias, registaram-se decréscimos: foi de -2,7% nos portos marítimos nacionais (seguindo-se a uma queda de -2,9% no quarto trimestre), de -7,3% no transporte por ferrovia (-12,3% no trimestre anterior) e de -2,8% no transporte rodoviário (em contraste com uma ligeira melhoria de 0,6% no final de 2019).

O INE destaca ainda que o movimento nos portos portugueses continua a cair. Entre o início de Janeiro e o final de Março entraram nos portos nacionais 3135 embarcações de comércio, o que corresponde a um decréscimo de 3,2% face ao homólogo.

O movimento de mercadorias nos portos (21,5 milhões de toneladas) diminuiu 2,7% no primeiro trimestre do ano, mantendo a tendência de redução que já vem desde o segundo trimestre do ano passado.

A situação não foi idêntica para todos os portos. Se Setúbal, Sines e Lisboa registaram reduções de 5%, 6,8% e 19,8%, respectivamente, o movimento cresceu nos portos de Aveiro (4,2%), Leixões (13,6%) e Figueira da Foz (22,8%).

Sugerir correcção