Mais 14 mortes por covid-19. Quatro concelhos da Grande Lisboa concentram um terço dos novos casos

Lisboa e Vale do Tejo tem capacidade para realizar cerca de sete mil testes por dia, diz ministra da Saúde. DGS anuncia primeira morte de uma mulher com menos de 30 anos.

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Miguel Manso

Portugal registou este domingo mais 14 mortes, um aumento de 1,2% que eleva para 1410 o número de vítimas mortais no país. Foram identificados mais 297 casos nas últimas 24 horas, o que corresponde a uma taxa de crescimento de 0,92%. Destes, em linha com o que tem acontecido nos últimos dias, 90% são casos identificados na região de Lisboa e Vale do Tejo. Desde o começo do surto, já foram detectados 32.500 casos.

Os números, divulgados este domingo no boletim epidemiológico da Direcção-Geral da Saúde (DGS), dão conta de menos 40 pessoas internadas que no dia anterior – são agora 474. Há mais uma pessoa nos cuidados intensivos, para um total de 64.

Foram dadas como recuperadas mais 223 pessoas, subindo assim para 19.409 o número de curados no país. Excluindo estes casos e os óbitos, 11.681 pessoas continuam infectadas, mais 60 do que no dia anterior.

A taxa de letalidade global é de 4,3%, 17,1% acima dos 70 anos, disse a ministra da Saúde, em conferência de imprensa, este domingo. O relatório dá conta da primeira morte de uma mulher com menos de 30 anos. Marta Temido explicou tratar-se “de uma situação de doença complexa associada à covid-19”. 

É a segunda vítima mortal na faixa etária entre os 20 e os 29 anos, depois da morte de um cidadão do Bangladesh notificada a 5 de Maio. Este domingo há ainda registo de 12 mortes de doentes com mais de 80 anos e de um homem na faixa etária entre os 70 e os 79 anos. Das 1410 mortes, 1222 estão acima dos 70 anos, cerca de 87%.

Acompanhando a tendência verificada nos últimos dias, 90% dos novos casos foram detectados na região de Lisboa e Vale do Tejo (268 dos 297 casos). Um terço das novas infecções detectadas este domingo são em quatro concelhos: Lisboa (mais 35 casos), Loures (mais 34 casos), Odivelas (mais 22 casos) e Amadora (mais 21).

A região de Lisboa e Vale do Tejo contabiliza agora 11.142 infectados e 357 mortes. A região Norte continua a ser a que concentrou maior número de casos até agora, com 16.760 pessoas infectadas e 784 mortes.

A região Centro tem 3744 casos registados e 238 mortes, seguida do Algarve, com 370 infectados e 15 óbitos. O Alentejo regista até este domingo 259 casos e uma morte. Os números dos Açores (135 casos e 15 mortes) e da Madeira (90 casos) não mudam desde 12 de Maio.

Até sábado, Portugal registava um total de 32.203 casos de infecção, 1396 mortes e 19.186 recuperados.

Unidades de saúde em focos de infecção não retomam actividade

Tal como foi referido no sábado, Marta Temido disse que, em média, mais de 85% dos novos casos do país têm sido na região de Lisboa e Vale do Tejo, com cerca de 189 casos por dia desde meados de Maio.

Como os números não estão distribuídos de forma simétrica por toda a região, a actuação está focada “nos agrupamentos de centros de saúde de Odivelas, na Amadora, Lisboa e Sintra”, ligados a focos específicos de infecção. 

A ministra declarou ainda que as unidades de saúde destas zonas não poderão retomar a sua actividade normal para que consigam trabalhar na resposta aos focos de infecção.

“Temos a convicção de conseguir reduzir, nos próximos dias o número de contágios e minimizar o risco de transmissão comunitária nesta região”, afirmou Marta Temido.

Lisboa e Vale do Tejo tem capacidade para sete mil testes por dia

Marta Temido informou que a região de Lisboa e Vale do Tejo tem capacidade para realizar cerca de sete mil testes por dia: quatro mil na rede pública e cerca de três mil “entre ambiente privado e outros parceiros”.

“É esta capacidade que estamos a mobilizar e faremos os testes com foco nas actividades de construção civil nos próximos dias”, disse a ministra da Saúde. O rastreio em áreas ligadas à construção civil e às cadeias de abastecimento, transporte e distribuição é uma das medidas que foram referidas no sábado para tentar controlar o contágio na região.

A colheita de amostras para os testes está a cargo do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) sendo que cada equipa tem capacidade para colher “entre 200 a 300 amostras” por dia, de acordo com Marta Temido.

A ministra também adiantou que já há pessoas em Lisboa a quem está a ser assegurada uma habitação alternativa para cumprir o isolamento, por força de não terem condições nas suas próprias casas. Não divulgando números, Marta Temido acrescentou que há estruturas, como Pousadas da Juventude e estruturas de Inatel ou de campanha, “disponíveis para acolher” quem precisar.

Abertura das ATL adiada por “adequação e coerência” das medidas

Sobre o adiamento para 15 de Junho da abertura das Actividades de Tempo Livre (ATL) não integradas em estabelecimentos escolares, que numa primeira fase estava prevista para 1 de Junho, Marta Temido explicou que o Governo procurou “conjugar ter as regras específicas preparadas” e avaliar depois a abertura dos sectores de actividade “numa perspectiva mais transversal” das próprias actividades.

“As orientações efectivamente existem, mas só depois de se verificar a adequação e a coerência das medidas é que elas avançam. A nossa preocupação foi uma questão de coerência com outros sectores em que há actividades educativas em termos genéricos”, explicou. As actividades de apoio à família e de ocupação de tempos livres dos restantes ciclos só serão retomadas a 26 de Junho, depois do final do ano lectivo.

Marta Temido disse ainda que o Governo tem procurado envolver os sectores de actividade na tomada de decisões, e que por isso “os processos são também em consenso” com o que esses sectores se sentem confortáveis a fazer.

A directora-geral da Saúde, Graça Freitas, recordou que as medidas “são progressivas” e disse que a Direcção-Geral da Saúde vai publicar as indicações para as ATL “com a devida antecedência” para que os estabelecimentos se possam preparar.

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