Máscaras e viseiras para bebés? “Não são para usar!”

Desde que as máscaras passaram a ser recomendadas, e ainda antes de se tornarem obrigatórias, o mercado foi invadido com produtos de protecção também para bebés.

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Um bebé com uma das viseiras feitas pelas enfermeiras do hospital Praram 9 de Banguecoque Reuters/ATHIT PERAWONGMETHA

Crianças até aos dois anos não devem usar qualquer tipo de protecção individual, seja uma máscara cirúrgica, social (em tecido) ou uma viseira — e muito menos respiradores, do tipo N95, FFP2 ou FFP3.

O aviso torna-se vital sobretudo depois de várias imagens com recém-nascidos de viseiras, numa maternidade na Tailândia, terem corrido mundo, com parte deste a suspirar com tanta fofura e a outra parte a inventar negócios decorrentes. Não tardou, por isso, que surgissem anúncios com máscaras e viseiras à venda para bebés.

O Centro de Controlo e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos assim como a Academia Americana de Pediatria depressa vieram a público esclarecer que o uso de máscaras não deve incluir indivíduos com menos de dois anos. No mesmo sentido, esta semana, a Associação Japonesa de Pediatria pronunciou-se, citada pela Reuters: “É preciso banir o uso de máscaras em crianças com menos de 2 anos de idade”, informou a organização de médicos, explicando que “as máscaras podem dificultar a respiração porque os bebés têm passagens de ar estreitas”.

No caso do Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças, “até à data”, informou o mesmo, “não foram emitidas quaisquer recomendações” sobre este assunto. No entanto, num esclarecimento por escrito enviado ao PÚBLICO, reconhece-se “que as crianças com menos de 2 anos de idade não devem utilizar revestimentos faciais”. “No passado recente, constatámos que as provas indicam que as máscaras faciais não são bem toleradas por determinados grupos populacionais (por exemplo, crianças) ou por pessoas com doenças respiratórias crónicas.”

Em Portugal, após a resolução do Conselho de Ministros de 15 de Maio, “a obrigatoriedade do uso de máscaras ou viseiras nas escolas e na utilização de transportes colectivos de passageiros” aplica-se apenas a partir dos 10 anos.

Respiradores nasais

Durante os primeiros meses de vida, os seres humanos são “respiradores nasais obrigatórios”. Ou seja, um recém-nascido, na maioria das vezes, não sabe respirar pela boca — por esse motivo, os pediatras insistem na higiene nasal.

Caso a face esteja coberta por uma máscara, basta que o nariz esteja ligeiramente entupido para que se desenvolva uma dificuldade respiratória.

Além do mais, alertam os pediatras, dormir com uma máscara colocada poderá aumentar o risco de Síndrome de Morte Súbita do Lactente (SMSL), além de dificultar um dos recursos associados à diminuição de casos: a chucha, apontada por vários estudos como um dos factores que contribui para diminuir a taxa de SMSL — inclusive em bebés cujo quadro é visto como ideal (bom cuidado pré-natal, alimentados exclusivamente com leite materno, com mães saudáveis e não fumadoras).

Numa idade mais avançada, a partir dos quatro ou cinco meses, o uso da máscara não só permanece perigoso como se torna veículo de aumento de exposição do bebé, já que o número de vezes que vai levar as mãos à cara, para tentar tirar ou afastar o objecto, irá aumentar. E, ao contrário do que sucede com um chapéu ou uma fita para o cabelo, a solução não passa por apertar um pouco mais — algo que apenas servirá para aumentar as dificuldades respiratórias.

Mas, mesmo sem máscaras nem viseiras, há formas de proteger o bebé. A começar pela higiene das mãos de quem trata do recém-nascido, enquanto para este é aconselhada a lavagem das mãos apenas com água, não recorrendo a quaisquer desinfectantes ou produtos abrasivos.

Ficar em casa e evitar receber visitas poderão ser as medidas mais adequadas nos primeiros tempos de vida do bebé, mas caso haja necessidade de sair à rua ou vontade até de dar um pequeno passeio, é aconselhável manter o bebé voltado para quem o passeia em vez de virado para a frente.

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