Empresas com dificuldades nos requisitos de higiene para retomar actividade

Inquérito do INE e Banco de Portugal mostra que cresceu o número de empresas em funcionamento, com destaque para o sector do comércio.

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Sector do alojamento e restauração é aquele onde há maior expressão de dificuldades Nelson Garrido

A maioria das empresas está com dificuldades para cumprir com os requisitos “de higiene e segurança necessários para a retoma da actividade” na primeira quinzena deste mês. A informação consta do inquérito sobre os efeitos do novo coronavírus nas empresas portuguesas divulgado esta terça-feira pelo INE e pelo Banco de Portugal.

De acordo com o comunicado, “as empresas respondentes referiram como situação muito relevante ou relevante para a dificuldade de cumprimento dos requisitos para a retoma da actividade: a indisponibilidade de material de protecção individual (máscaras, viseiras, desinfectante, etc.) (78%), as restrições no espaço físico (77%) e os custos elevados (77%)”.  

Embora a dimensão da empresa não seja referida como elemento diferenciador, sejam elas micro ou grandes empregadores, há um sector que se destaca nas dificuldades, o do alojamento e restauração, com 61% a relatarem um grau de dificuldade “muito relevante” em conseguirem ter material de protecção individual ou perante as restrições de espaço físico.

Este é o sector onde há a informação de mais empresas que fecharam de forma definitiva, com 5% do total dos inquiridos, somando-se outros 45% com fecho de portas temporárias (também aqui é maior percentagem entre os vários sectores, podendo usar mecanismos como o layoff simplificado).

A proporção de empresas em funcionamento na primeira quinzena de Maio aumentou para 90%, face a 84% na quinzena anterior. Por sector, destacou-se o comércio, onde a percentagem aumentou de 84% na quinzena anterior para 92%.

Face à situação que seria expectável sem pandemia, 77% das empresas continuaram a reportar um impacto negativo no volume de negócios. “Quando se compara a primeira quinzena de Maio com a segunda quinzena de Abril, a larga maioria das empresas aponta para uma estabilização (41%) ou uma variação pequena (41%) do volume de negócios”, sinaliza-se.

A evolução das encomendas/clientes foi o principal factor referido pelas empresas com redução do volume de negócios neste período, enquanto a alteração das medidas de contenção foi o motivo mais citado pelas empresas que reportaram aumentos.

Mais pessoas ao serviço

Metade (50%) das empresas referiram reduções do pessoal ao serviço efectivamente a trabalhar na primeira quinzena de Maio (58% na quinzena anterior).

Relativamente à segunda quinzena de Abril, a maioria das empresas não reportou alteração no número de pessoas ao serviço (70%), sendo que entre as restantes a percentagem que referiu um aumento foi ligeiramente superior à percentagem que registou uma diminuição.

O comércio foi onde se registou a maior percentagem de empresas com aumento no pessoal ao serviço (22%). A redução do número de pessoas em layoff foi o motivo com impacto positivo mais referido pelas empresas que reportaram um aumento no pessoal ao serviço efectivamente a trabalhar (citado por 70% das empresas).

Segundo o INE/BdP, 54% das empresas respondentes tinham pessoas em teletrabalho na primeira quinzena de Maio (58% na semana de 27 de Abril a 1 de Maio) e 46% das empresas reportaram a existência de pessoal a trabalhar em presença alternada nas instalações da empresa devido à pandemia.

Recurso ao crédito

Excluindo o layoff simplificado, a proporção de empresas que continuou a não prever o recurso a medidas de apoio anunciadas pelo Governo voltou a aumentar, atingindo proporções entre 52% e 61% consoante as medidas.

Cerca de 14% das empresas em funcionamento ou temporariamente encerradas aumentaram o recurso ao crédito, destacando-se o sector do alojamento e restauração com a percentagem mais elevada de empresas nesta situação (26%), seguindo-se o sector da indústria e energia (16%).

Das empresas que aumentaram o recurso ao crédito, 84% reportaram um aumento do financiamento junto de instituições financeiras e 48% referiram um crescimento do crédito de fornecedores.

Na maioria dos casos, segundo as empresas, os novos créditos apresentaram condições semelhantes às anteriormente praticadas.

Os dados estatísticos divulgados nesta nota informativa correspondem aos recolhidos pelo Inquérito Rápido e Excepcional às Empresas na semana de 11 a 15 de Maio de 2020, com referência à primeira quinzena de Maio de 2020.

O inquérito foi dirigido a um conjunto alargado de empresas de micro, pequena, média e grande dimensão representativas dos diversos sectores de actividade económica, sendo a amostra de 8883 empresas. Foram obtidas 5493 respostas válidas, o que representa uma taxa de resposta global de 61,8%. As empresas respondentes representam 64,8% do pessoal ao serviço e 74,7% do volume de negócios da amostra.

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