Recomeçar

Esta é a segunda conversa da nossa sexta memória, intitulada “A Pergunta”, dedicada aos direitos humanos.

As malhas que a ideia dos direitos humanos tece são agora muitas; poderíamos contar uma infinitude de histórias com elas. O rio subterrâneo de que tenho vindo a falar apareceu agora à superfície, mas não julguem que foi num enorme caudal. Os direitos humanos não são, ainda, uma ideia dominante entre as elites políticas e económicas e provavelmente também não entre as massas. A imagem que podemos ter não é a de um enorme estuário de um rio prestes a entrar no mar, mas antes a de inúmeras pequenas correntes num solo seco e crestado, prestes a engoli-las de novo.

Ainda assim, à diferença de outras histórias que contámos antes, a ideia de direitos humanos não está agora dependente de apenas uma linhagem. São agora umas centenas, talvez milhares ou, com sorte, milhões de humanos que são capazes de levar essa ideia para a frente.

Nesta conversa, vamos falar de alguns deles, mas quero já salientar dois aspectos: o de que, entre as várias linhagens possíveis para a história dos direitos humanos, podemos agora finalmente voltar a agregar as tradições fundadoras do mundo não ocidental. Quem sabe se as influências que Alfarrabi tinha recebido na sua infância e juventude na Rota da Seda, ou aqueles que, no Médio Oriente e no Mundo Islâmico, foram influenciados por ele. É agora tempo de falarmos de gente como Carlos Rómulo, das Filipinas, Peng Chun Chang, da China, Charles Malik, do Líbano, ou Hansa Mehta, da Índia.

O segundo aspecto é que, além dos direitos humanos nascerem verdadeiramente cosmopolitas, contando com o contributo de gente de regiões do mundo e de tradições religiosas e filosóficas diversas, eles vão agora ganhar um carácter mais vincadamente feminino, transitando definitivamente de direitos do homem para direitos humanos.

Esta é a segunda conversa da nossa sexta e última memória, intitulada “A Pergunta”, dedicada aos direitos humanos.

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