Teerão propõe troca incondicional de prisioneiros aos Estados Unidos

Porta-voz do Governo de Teerão diz que Washington ainda não respondeu. A proposta surge no contexto da pandemia da covid-19.

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Javad Zarif tinha proposto a troca de presos em Dezembro Evgenia Novozhenina

Os Estados Unidos ainda não responderam à proposta de uma troca de prisioneiros feita pelo Irão, disse um porta-voz do Governo de Teerão, Ali Rabiei, que reiterou que o seu país está pronto para avançar sem pré-condições.

Se a troca de prisioneiros avançar, será um raro momento de cooperação numa relação repleta de altos e baixos, e que se tornou mais hostil desde que o Presidente Donald Trump chegou à Casa Branca. 

“Fizemos saber que estamos prontos para discutir a libertação de todos os prisioneiros sem condições... mas os americanos ainda não responderam. Parece-nos que os americanos estão agora mais preparados para solucionar esta situação do que antes”, disse Rabiei segundo o site do Governo iraniano Dolat.ir.

Os dois países têm feito apelos à libertação de prisioneiros devido à pandemia da covid-19.  O Irão é o país mais atingido pela doença no Médio Oriente, enquanto que os Estados Unidos são o país com mais casos de infecções e óbitos no mundo.

Três fontes iranianas disseram à Reuters na semana passada que estava a ser preparada uma troca de prisioneiros entre os dois países. Michael White, veterano da Marina americana que está detido no Irão desde 2018 é um candidato a estar nesta troca. Saiu da prisão em meados de Março devido a um problema de saúde mas continua no Irão.

“Washington sabe da nossa disposição e pensamos que não é preciso um terceiro país para mediar a troca de prisioneiros entre Teerão e Washington”, disse Rabiei. “Porém, se os americanos concordarem, a representação do Irão em Washington informará os EUA da nossa posição sobre os pormenores, incluindo como e quando a troca deve ser feita”.

Teerão e Washington cortaram laços diplomáticos pouco depois da Revolução Islâmica de 1979, depois de a embaixada americana no Irão ter sido tomada por radicais e de 52 americanos terem sido feitos reféns durante 444 dias. A Suíça é quem representa os interesses americanos com Teerão.

“Estamos preocupados com a segurança e saúde dos iranianos presos na América. Consideramos que a América é responsável pela sua segurança durante a pandemia do coronavírus”, considera Rabiei.

Não se sabe ao certo quantos americanos estão detidos no Irão, mas entre eles estão Baquer e Siamak Namazi, pai e filho. Várias dezenas de iranianos estão em prisões americanas, muitos deles por terem violado as sanções de Washington a Teerão.

O ministro dos Negócios Estrangeiros iraniano, Javad Zarif, disse em Dezembro do ano passado que Teerão estava pronto para uma troca de prisioneiros completa com Washington. “A bola está do lado deles”, escreveu na altura no Twitter.

E em meados de Março o secretário de Estado americano, Mike Pompeo, disse que Teerão devia libertar os americanos num gesto humanitário devido à pandemia.

Em Dezembro, o Irão libertou o cidadão americano Xiyue Wang, que estava preso há três anos por espionagem, e os EUA libertaram o iraniano Massoud Soleimani, que estava acusado de violar as sanções.

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