Cremosa ou crocante, a manteiga de amendoim Kilograma come-se à colher

A experiência na área da pastelaria conduziu António Gonçalves até à produção de um creme carregado de proteína e de fabrico artesanal. Uma manteiga de amendoim portuguesa, com variedades mais ou menos gulosas, produzida a partir de Ílhavo.

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Está longe de ser um produto consensual, já sabemos, e só há muito pouco tempo ganhou popularidade entre nós, muito por conta dos adeptos do exercício físico. Mas quem gosta, gosta muito  e precisa de um grande poder de autocontrolo para não comer um frasco de uma assentada só. A manteiga de amendoim não pára de ganhar espaço nas prateleiras dos nossos supermercados, com versões mais ou menos crocantes. Também há quem aposte em múltiplas variedades, tentando ir ao encontro de todos os paladares, como é o caso da Kilograma. Uma marca portuguesa que aposta numa produção artesanal e no uso do forno a lenha. “Faz toda a diferença”, garante António Gonçalves, pasteleiro que se tornou produtor de manteiga de amendoim e também empresário.

A partir da unidade de produção sediada em Ílhavo, António Gonçalves produz 100 quilos de manteiga de amendoim por dia   em breve, estima duplicar esse número – e mais umas quantas doces tentações. Mas já lá vamos. Por ora, importa manter o foco no produto-rei da Kilograma e cujo método de produção é, aparentemente, simples. “Compramos o amendoim cru, de qualidade superior [oriundo dos Estados Unidos], que vai a torrar no forno a lenha. Depois, faz-se uma selecção, retirando os que ficam queimados, e vai à máquina para fazer a manteiga”, desvenda o produtor.

A partir deste método de produção base, que rejeita o uso de corantes, conservantes ou óleos, António Gonçalves foi arriscando algumas variações e acrescentos. Assim nasceram as versões de manteiga de amendoim com caramelo, chocolate, frutos vermelhos ou limas (a marca dispõe de um leque de dez sabores extra) e que vêm complementar as propostas de manteiga de amendoim cremosa e a crocante (esta última, com pedaços de amendoim torrado). Talvez esta grande variedade ajude a explicar a teoria defendida por António Gonçalves, relativamente à aceitação do seu produto. “Até as pessoas que não costumavam apreciar manteiga de amendoim gostam do nosso produto”, afiança, exaltando essa outra característica fundamental: “É uma manteiga que pode comer-se à colher.”

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Quais são as preferidas dos clientes? Além das opções base, “a de frutos vermelhos e a de chocolate também saem muito bem”, garante o produtor, que desafiou a Fugas para degustar algumas destas versões. Quatro, para sermos mais exactos: crocante, cremosa, frutos vermelhos e chocolate. Gostos não se discutem, é um facto, mas entre a crocante e a cremosa o nosso coração balança (são as menos doces e que mais sabem a amendoim). A versão de frutos vermelhos revelou-se uma agradável surpresa: a acidez da fruta corta a gordura do amendoim. Já a versão de chocolate apresenta-se como a mais doce e gulosa de todas, sendo também a que mais esconde o sabor original da manteiga de amendoim.

Da Guarda para Lisboa e de Lisboa para Ílhavo

A história da Kilograma teve início em Lisboa, há quase três anos. Foi na capital que António Gonçalves, natural da Guarda e actualmente com 35 anos, decidiu criar um negócio próprio. Depois de ter tirado o curso de pastelaria na Escola de Hotelaria e Turismo de Lisboa, ainda passou por alguns espaços de restauração. Em Agosto de 2017, lançou-se na aventura de abrir a Kilograma. Começou como pastelaria e padaria mas já “com a manteiga de amendoim na cabeça”, conta. Influenciado pelo irmão, que é preparador físico, António Gonçalves começou a fazer experiências com essa “leguminosa rica em proteína”, criando, assim, aquele que viria a ser o produto estrela da marca.

O valor das rendas praticadas em Lisboa levou-o a procurar alternativas de localização para o seu negócio. Acabou por ir parar a Ílhavo, na região de Aveiro, trabalhando agora a poucos metros do Parque de Ciência e Inovação. Além da manteiga de amendoim, António Gonçalves produz diversos produtos de pastelaria. Petits gâteaux, queijadas e muffins com manteiga de amendoim são alguns dos doces vendidos pela Kilograma. Também há cookies e cereais de pequeno-almoço com amendoim. E acendalhas (pequenos quadrados feitos a partir de mel e amendoim).

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A lista de produtos da marca estende-se ainda às tabletes e aos bombons de chocolate com recheio de manteiga de amendoim (com ou sem sabores extra). Em breve, António Gonçalves espera vir a lançar também um gelado de manteiga de amendoim, entre outras iguarias. “Estamos já a testar umas bolachas sem glúten e sem açúcar, uns snickers vegan e sem glúten e umas compotas sem açúcar refinado”, desvenda.

Do plano de projectos a implementar a médio prazo consta, ainda, o fabrico do pão, recuperando esse outro produto com o qual a Kilograma iniciou a actividade. “Já tinha tudo a postos para começar a produzir o pão, mas a pandemia do coronavírus levou a que os planos ficassem adiados”, refere. Assim que for possível, voltará a produzir pão, nomeadamente o de fermentação natural. “Também produzo do outro, pois não é obrigatório que o fermento seja natural para que o pão seja bom”, argumenta. 

Neste momento, a Kilograma não dispõe de loja física própria (as vendas são asseguradas na loja online e nalguns distribuidores), mas isso não tem sido impedimento para os seus produtos chegarem a todo o país e também à França e Holanda. “São países onde já temos distribuidores e clientes fixos”, especifica António Gonçalves.

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