BCE facilita ainda mais o financiamento que concede aos bancos

BCE mantém as suas principais taxas de referência e reafirma estar disposto a reforçar as suas compras de dívida. Para além disso, tornou ainda mais atractivas as condições a que empresta dinheiro aos bancos a longo prazo.

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Reuters/Ralph Orlowski

Os bancos comerciais da zona euro vão poder aceder a financiamento de longo prazo concedido pelo Banco Central Europeu a taxas de juro que podem ir, mediante determinadas condições, a níveis tão baixos como -1%.

A definição de uma taxa ainda mais negativa para estas operações é a mais recente medida tomada pela autoridade monetária da zona euro numa tentativa de segurar a actividade económica numa altura em que começa a ser conhecida a dimensão da recessão que está a atingir a generalidade dos países europeus.

No comunicado divulgado a seguir à reunião do conselho de governadores desta quinta-feira, o BCE, para além de ter mantido o mesmo nível das taxas de juro e a mesma quantidade de compras de activos que já vinha a aplicar, anunciou que iria melhorar ainda mais as condições a que concede empréstimos de longo prazo aos bancos comerciais da zona euro, na esperança de que estes acabem também eles por emprestar dinheiro às empresas e às famílias a taxas de juro mais favoráveis.

Assim, entre Junho deste ano e o mesmo mês de 2021, as taxas de juro das operações de empréstimos de longo prazo aos bancos serão realizadas a uma taxa de juro que fica 0,5 pontos percentuais abaixo da actual taxa de juro de refinanciamento do BCE (actualmente a zero).

Sendo assim, os empréstimos são concedidos com uma taxa de juro de -0,5%, o que significa que o BCE paga aos bancos para lhes emprestar dinheiro. Anteriormente, depois do BCE tomar as suas primeiras medidas de combate aos efeitos do coronavírus, a taxa em vigor era de -0,25%.

Mas as taxas podem ser ainda mais baixas. Nos casos em que os bancos comerciais ultrapassam determinados níveis de concessão de empréstimos às empresas, estes podem recorrer ao financiamento de longo prazo do BCE a uma taxa que fica 0,5 pontos percentuais abaixo da taxa de juro de depósitos do banco central (que está actualmente em -0,5%). Isto significa que esse financiamento pode ficar com uma taxa de juro de -1%, quando até aqui o máximo era de -0,75%.

Para além destas descidas de taxas, o BCE, para garantir que os bancos têm acesso a toda a liquidez de que precisam, lançou ainda sete novas operações de financiamento para os bancos com prazos que podem ir até a um ano e meio.

Existia alguma expectativa nos mercados que o BCE pudesse vir a anunciar já esta quinta-feira um reforço do montante das compras de dívida pública que tem vindo a realizar para assegurar que não se regista uma subida das taxas de juro dos títulos de dívida emitidos pelos países da zona euro.

Mas, para já, a entidade liderada por Christine Lagarde manteve os níveis anteriormente anunciados, isto é: compras de 20 mil milhões de euros ao mês, reforço temporário de 120 mil milhões até ao final do ano e programa de compras especial dedicado ao combate à pandemia de 750 mil milhões de euros, com duração até pelo menos o final do ano.

Ainda assim, os responsáveis do BCE fazem questão de frisar que estão “totalmente preparados para aumentar a dimensão” das compras e para “ajustar a sua composição, da forma que for necessário e tanto quanto for preciso”.

As novas decisões do BCE foram adoptadas no mesmo dia em que se ficou a saber que, de acordo com os dados preliminares publicados pelo BCE, a economia da zona euro registou uma queda de 3,8% no primeiro trimestre do ano, o pior resultado desde que começaram a ser publicados dados para este indicador, em 1995.

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