PIB europeu caiu logo no primeiro trimestre. França em recessão técnica

Economias não resistem a confinamento aplicado no final do trimestre passado e caem ao ritmo mais alto em décadas. Segundo trimestre poderá ser ainda pior.

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LUSA/SASCHA STEINBACH

A economia europeia não resistiu ao efeito negativo das primeiras semanas do confinamento imposto para controlar a pandemia do coronavírus e registou, logo durante o primeiro trimestre do ano, a contracção do PIB mais forte desde que começaram a ser efectuados registos para a região, em 1995.

De acordo com a estimativa preliminar divulgada esta quinta-feira pelo Eurostat, durante os primeiros três meses do ano, o PIB da zona euro caiu 3,8% face ao trimestre imediatamente anterior. Apesar de, durante a maior parte do trimestre, não estarem ainda a ser aplicadas quaisquer medidas de contenção, a paragem abrupta da actividade nas duas últimas semanas de Março na generalidade dos países europeus foi o suficiente para pôr o PIB total do trimestre numa trajectória descendente clara.

Por países, foram divulgados pelos respectivos institutos de estatística dados do PIB de duas das principais economias europeias, a espanhola e a francesa. E, nestes casos, o que aconteceu foi que as economias registaram durante o primeiro trimestre deste ano as suas maiores contracções desde meados do século passado.

Em Espanha, de acordo com a estimativa provisória apresentada esta quinta-feira pela autoridade estatística do país, o PIB registou, durante os primeiros três meses do ano, uma variação negativa de 5,2% face ao trimestre imediatamente anterior. A variação face ao período homólogo foi de 4,1%, uma travagem brusca da economia que nos últimos meses de 2019 crescia a um ritmo de 1,8%.

Em França, o PIB recuou 5,8% face ao trimestre anterior, pondo a segunda maior economia da zona euro em situação de recessão técnica, já que no último trimestre de 2019 já se tinha verificado uma contracção (de 0,1%).

Os dados agora conhecidos das economias europeias são mais um indicador daquilo que aconteceu à generalidade das economias no primeiro trimestre do ano. Mesmo com a maior parte deste período a registar uma evolução económica positiva, bastaram cerca de duas semanas de restrições no movimento das pessoas e na actividade económica para provocar um corte acentuado do PIB a nível trimestral. Na quarta-feira, tinha ficado a saber-se que nos EUA esse corte foi de 4,8%.

A expectativa na maior parte das economias é que os resultados do segundo trimestre, mesmo num cenário de retirada progressiva das medidas de confinamento a partir de Maio, sejam ainda piores.

Em Espanha, a contracção de 5,2% no primeiro trimestre do ano bate vários recordes negativos das últimas décadas. Para se ter uma ideia da dimensão da queda verificada na actividade, basta observar que a maior contracção trimestral do PIB registada durante este século era até agora de apenas 2,6%, metade da agora contabilizada, tendo ocorrido no primeiro trimestre de 2009, quando eclodiu a crise financeira internacional.

Em França, a diminuição trimestral do PIB agora anunciada é a maior desde a Segunda Guerra Mundial.

Em Portugal ainda não foram divulgados os dados do PIB do primeiro trimestre deste ano. O INE prevê divulgar essa informação a 15 de Maio, quando realizar a sua primeira estimativa rápida.

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