Confiança dos consumidores e empresas com “reduções abruptas” em Abril

Confiança dos consumidores caiu para mínimos de 2014 e indicador de clima económico recuou para níveis de 2013, segundo o INE.

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Pessimismo das famílias aumentou com efeitos económicos do novo coronavírus Nuno Ferreira Santos

Os efeitos da pandemia da covid-19 sobre a confiança dos consumidores e das empresas portuguesas são profundos. Segundo o Instituto Nacional de Estatística (INE), o indicador de confiança dos consumidores “registou em Abril a maior redução da série face ao mês anterior, atingindo o valor mínimo desde Setembro de 2014”.

Quanto às expectativas das empresas, o INE revela que o indicador de clima económico diminuiu “de forma abrupta em Abril”, retrocedendo para valores próximos dos observados no final de 2013.

Os inquéritos às empresas em Abril demonstram que os efeitos económicos da pandemia aprofundaram o sentimento de pessimismo nos vários sectores de actividade.

Há cerca de uma semana, quando divulgou a Síntese Económica de Conjuntura de Março, o INE já tinha avisado para a “forte redução” da actividade económica e para a queda dos indicadores de confiança dos consumidores e de clima económico.

Os dados de Abril, mês em que o país está a viver sob estado de emergência, mais não fazem que confirmar a deterioração das expectativas das famílias e das empresas face a este contexto de pandemia.

A redução do indicador de confiança dos consumidores para os níveis de há seis anos “resultou sobretudo do contributo muito negativo das expectativas relativas à evolução da situação económica do país, da situação financeira do agregado familiar e da realização de compras importantes”, refere o INE na comunicação divulgada esta quarta-feira.

O indicador de confiança da Indústria transformadora diminuiu entre Fevereiro e Abril, mas atingiu este mês “o valor mais baixo desde Abril de 2013”, reflectindo “o contributo negativo das perspectivas de produção da empresa durante os próximos três meses”, bem como as “apreciações sobre a evolução da procura global nos últimos três meses”.

Na construção e obras públicas, as apreciações negativas sobre o emprego no sector e a carteira de encomendas impuseram ao indicador de confiança “a diminuição mais acentuada da série, atingindo o valor mínimo desde Fevereiro de 2018”.

No comércio, a confiança recuou ao patamar em que estava no Verão de 2013. O indicador “registou a maior redução face ao mês anterior da série, atingindo o valor mínimo desde Agosto de 2013”.

Todas as componentes medidas se deterioraram: perspectivas da actividade da empresa, opiniões sobre o volume de vendas e apreciações relativas ao volume de stocks.

O mesmo cenário se repetiu no indicador de confiança dos serviços, que “registou a maior redução face ao mês anterior da série, atingindo o valor mínimo desde Julho de 2013”, com pessimismo agravado em relação à evolução da carteira de encomendas e à actividade da empresa.

Por tipo de actividades, o INE destaca que as secções de “Actividades artísticas, de espectáculo, desportivas e recreativas” e de “Alojamento, restauração e similares” foram as que registaram “as reduções com maior magnitude” em Abril.

Estas impressões foram recolhidas entre os consumidores no período de 1 a 17 de Abril e os inquéritos às empresas decorreram de 1 a 23 de Abril.

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