Sacrifício e liberdade

Há aqui um equívoco gigantesco, alimentado pela banalização do #fiqueemcasa que assumiram media e (quase todos) os que têm acesso à esfera pública. Nenhuma autoridade de saúde, governo ou Presidente impôs o dever de abandonar o espaço público senão a um pequeníssimo número de contagiados ou doentes. Nem aos idosos

A discussão sobre as comemorações do 25 de Abril na Assembleia da República não é só um debate esquerda/direita (que também o é) ou uma guerra de petições. Goste-se ou não, este é (também) o velho debate sobre o significado fundador do 25 de Abril na nossa democracia, especialmente hoje, em pleno terceiro estado de emergência consecutivo. É difícil não perceber como faz todo o sentido comemorar o 25 de Abril e, daqui a uma semana, o 1.º de Maio num momento em que, ao mesmo tempo que avança a pior crise social das nossas vidas, se suspenderam direitos dos trabalhadores e o de resistência pacífica a ordens que o cidadão considere ilegítimas. Quem quiser justificar toda esta excecionalidade com a pandemia não pode eximir-se à pergunta que o 25 de Abril nos coloca sempre, e a cada um de nós: o preço da nossa segurança é a liberdade? O preço do medo (perante a doença, como perante a opressão política ou laboral) é a cedência dos nossos direitos, da nossa dignidade?

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