A quarentena é classista; e a doença, não o é mais?

Não existe uma opção entre a quarentena e a normalidade, porque a normalidade foi de qualquer forma suspensa.

O debate entre a saúde e a economia, como lhe chamou ontem aqui nestas página José Gil, só ainda não avançou mais porque neste debate as pessoas comuns e os economistas estão de acordo: sem saúde, não há economia que aguente. Em consequência, por mais que a quarentena seja danosa para a economia, deixar correr a doença seria pior ainda. E isto ainda sem pormos na equação o caráter exponencial da contaminação pelo novo coronavírus: enquanto estamos todos em casa, a intenção é que cada infetado não contamine mais do que uma pessoa, mas se estivermos na rua, cada infetado pode contaminar três ou quatro e cada um desses mais três ou quatro; na primeira situação, após dez passos teríamos dez contaminado, e na segunda após os mesmos dez passos teríamos quase 60 mil contaminados. Todas as experiências de “deixar a doença correr” têm por isso provocado resultados desastrosos ou sido abandonadas repentinamente — e não se antevê que o resultado económico dessas experiências, mesmo sem entrar na dimensão moral delas, compense minimamente.

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