Líder indígena de tribo ameaçada assassinado no Brasil

Zezico Guajajara tinha sido alvo de várias ameaças de morte. É o último de uma série de líderes indígenas assassinados na Amazónia.

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Um dos Guardiões da Floresta em patrulha perto da cidade de Amarante, no estado do Maranhão Ueslei Marcelino/Reuters

Um líder de uma tribo protegida da Amazónia foi encontrado morto, o que constitui a quinta morte violenta nos últimos seis meses numa região assolada por conflitos entre madeireiros ilegais e as tribos da zona.

O corpo de Zezico Guajajara, da tribo Guajajara, foi encontrado esta terça-feira perto de uma terra demarcada indígena no estado do Maranhão, segundo a agência FUNAI (Fundação Nacional do Índio). Tinha sido alvo de várias balas.    

O Presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, tem encorajado o desenvolvimento económico na Amazónia para, justifica, tirar grupos indígenas de pobreza e melhorar as condições de vida de 30 milhões de brasileiros que vivem na zona.

Mas as invasões de terras indígenas protegidas por madeireiros ilegais ou garimpeiros têm aumentado desde que Bolsonaro tomou posse no ano passado, levando a confrontos violentos. 

“Perdemos mais um companheiro guerreiro, um homem que defendia a vida”, disse outro líder indígena, Olimpio Guajajara, num comunicado divulgado esta quarta-feira. “Estamos em luto pela sua morte. Estamos a proteger esta floresta para toda a humanidade, mas há forças poderosas que estão a tentar matar-nos.”

Os Guajarara são um dos maiores grupos indígenas do Brasil, com mais de 20 mil membros, e são conhecidos por terem criado, há vários anos, uma patrulha de protecção da floresta contra os madeireiros ilegais e os garimpeiros, os Guardiões da Floresta.

Em Novembro, um guardião da floresta foi morto por madeireiros ilegais, e em Dezembro, outros dois foram também assassinados a tiro. Um adolescente foi encontrado morto - tinha sido esfaqueado até à morte.

A polícia federal foi notificada e o governo do estado do Maranhão abriu uma investigação à morte de Zezico. A associação Articulação Brasileira dos Povos Indígenas do Brasil (APIB), que representa muitos dos 900 mil membros das tribos indígenas do país, pediu também uma investigação federal a esta morte. “O facto é prova da violência crescente e da vulnerabilidade dos povos indígenas, especialmente dos líderes que lutam para defender os seus territórios contra os invasores”, disse a associação em comunicado.

Zezico era professor e apoiante dos Guardiões da Floresta, e tinha um historial de receber ameaças de morte. “Os madeireiros estão desesperados para se ver livres dos Guardiões, estão a alvejá-los um a um”, disse em comunicado Sarah Shenker, da organização não-governamental de apoio a comunidades indígenas Survival International.

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