Uma asneira monumental de António Costa

Sou um admirador do talento político de António Costa, e até valorizo o seu optimismo irritante – mas as politiquices do “não faltou nem faltará” são indesculpáveis no actual contexto.

Pela boca morre o peixe – e há frases que têm o poder de fazer desabar uma boa estratégia, tal como o soar das trombetas desmoronou as muralhas de Jericó. Ainda há dias eu elogiava neste espaço o sangue frio de António Costa e o bom-senso com que tem gerido a crise. Mas na entrevista que deu na segunda-feira à TVI, o primeiro-ministro disse aquilo que jamais poderia ter dito sobre os meios com que o Serviço Nacional de Saúde está a enfrentar a pandemia: “Até agora não faltou nada e não é previsível que venha a faltar o que quer que seja.” Mais do que esta frase ser ridícula, inaceitável e uma falsidade descarada, ela é agora uma bomba-relógio nas mãos de António Costa. A cada falha do SNS – e haverá muitas – ela será esfregada na sua cara, como já está a ser, e nenhuma máscara lhe valerá.

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