O desporto mundial parou, da NBA à I Liga

No futebol europeu, só a Premier League inglesa é que continua a funcionar com as portas abertas.

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Um dos jogos da Liga dos Campeões com as bancadas vazias Reuters/HANDOUT

E, de repente, o desporto mundial parou e não se sabe quando volta. Dezenas de competições estão suspensas indefinidamente como medida de prevenção por causa do novo coronavírus. Parou o futebol português, da I Liga às distritais, parou a NBA, parou a Fórmula 1 e parou o ténis, entre outras competições de outras modalidades. Ainda se disputaram nesta quinta-feira alguns jogos da Liga Europa (à porta fechada), mas é provável que as competições europeias também sigam pelo mesmo caminho, tal como o Euro 2020. Entre as principais Ligas europeias, só a Premier League inglesa é que vai ter jogos à porta aberta.

Em Portugal, a reacção do desporto português foi de paragem total. Depois de ter falado em jogos à porta fechada numa primeira fase, a Liga Portuguesa de Futebol Profissional (LPFP) decidiu-se pela suspensão por tempo indeterminado das duas competições que organiza (I e II Liga), sugerindo aos clubes a suspensão dos treinos, seguindo o exemplo do que a Federação Portuguesa de Futebol (FPF) fez com as restantes competições de futebol e futsal. A suspensão dos campeonatos está, aliás, prevista no regulamento de competições profissionais, no Artigo 4.º - “A Liga poderá, em caso de força maior e em circunstâncias excepcionais, devidamente justificadas, prorrogar o termo da época desportiva, assim como suspender total ou parcialmente”.

Não há quaisquer limites temporais para esta suspensão “em caso de força maior” definidas pelo regulamento. Um jurista especialista em desporto contactado pelo PÚBLICO diz que, por se falar em suspensão e não em cancelamento, a competição será retomada no ponto em que foi interrompida. Ou seja, no caso da I Liga, não está previsto que o título, as vagas europeias e as despromoções sejam definidas sem que se disputem as dez jornadas que faltam. O ponto 1 do Artigo 16.º fala mesmo da obrigatoriedade de as competições por pontos terem “duas voltas simétricas” em que “os participantes encontrar-se-ão todos entre si, uma vez na condição de visitados e outra na de visitantes”.

Tal como o futebol, muitos campeonatos em Portugal também foram suspensos. A Federação de Patinagem suspendeu competições de hóquei em patins, patinagem de velocidade e patinagem artística (e fechou as suas instalações ao atendimento ao público). As federações de andebol, basquetebol, voleibol, ciclismo e golfe também suspenderam as suas actividades, e a federação de motociclismo, para além de cancelar várias provas nacionais, anunciou ainda o adiamento do Mundial de motocrosse, em Águeda, para 17 e 18 de Outubro – estava previsto para Abril.

Premier League à porta aberta

As grandes Ligas europeias de futebol estão a reagir de forma diferente ao novo coronavírus. A Série A italiana foi a primeira a suspender a sua actividade e já está registado um caso positivo entre os jogadores – o central da Juventus Daniele Rugani, sendo que o português Cristiano Ronaldo, actualmente na Madeira, anunciou que não vai regressar a Itália. Já nesta quinta-feira, a Liga espanhola também se decidiu pela suspensão de actividade, depois de o Real Madrid ter entrado de quarentena por um caso positivo na sua equipa de basquetebol – que partilha instalações com a equipa de futebol.

As Ligas francesa e alemã continuam em actividade com jogos à porta fechada, enquanto a Premier League inglesa mantém-se, por enquanto, sem restrições, apesar de haver jogadores do Leicester City em quarentena por apresentarem sintomas da doença. Já no que diz respeito às competições europeias, a decisão oscila entre o adiamento de jogos e a realização de outros à porta fechada, sendo que a UEFA vai reunir de emergência na próxima terça-feira para decidir o que fazer com a Liga dos Campeões, a Liga Europa e o Euro 2020 – o jornal L’Equipe diz que o adiamento do torneio para 2021 é um cenário provável. A CONMEBOL, por seu lado, foi mais afoita na decisão: suspendeu os jogos da Taça Libertadores e do apuramento sul-americano para o Mundial 2022.

Nos EUA, todo o desporto profissional ficou em suspenso. Foi a Liga Norte-Americana de Basquetebol profissional (NBA) a abrir as “hostilidades”, depois de Rudy Gobert, jogador dos Utah Jazz, ter tido um teste positivo. Isso conduziu ao cancelamento do jogo entre os Jazz e os Oklahoma City Thunder e, pouco depois, à suspensão de toda a NBA – Donovan Mitchell, também dos Jazz, é igualmente portador da Covid-19. Seguiram-se a Major League Soccer (futebol), a National Hockey League (hóquei no gelo) e o basquetebol universitário, sendo que a Major League Baseball (basebol) adiou o início da época por duas semanas.

Também o desporto automóvel sofre com o novo coronavírus. O Grande Prémio da Austrália de Fórmula 1, prova inaugural da temporada, vai realizar-se, mas sem público nas bancadas, anunciou o primeiro-ministro do estado de Vitória. A decisão foi tomada depois de uma reunião que juntou os principais intervenientes do Campeonato do Mundo de Fórmula 1, na sequência de um caso positivo de Covid-19 que forçou à desistência da McLaren.

“Em virtude de imperativos de saúde pública, não haverá espectadores no GP este fim-de-semana, que irá decorrer”, anunciou Daniel Andrews. No entanto, ainda antes de se conhecer a decisão, o alemão Sebastian Vettel (Ferrari) admitiu uma rebelião de pilotos caso a prova avançasse.

O GP da Austrália é a segunda prova do calendário de Fórmula 1 a sofrer os efeitos do novo coronavírus. Em Fevereiro passado, o GP da China, agendado para 19 de Abril, foi adiado para uma data ainda não definida. A próxima corrida do calendário é o GP do Bahrain (que se vai realizar à porta fechada) e está marcada para 22 de Março, seguindo-se, duas semanas depois (5 de Abril), o GP do Vietname, em Hanói, uma corrida que também está em risco de não se realizar.

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