TAP mantém-se nos prejuízos com perdas de 105 milhões

Transportadora realça impacto positivo do segundo semestre e destaca que o resultado operacional passou de um prejuízo em 2018 para lucro de 58,6 milhões de euros em 2019

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Rui Gaudêncio

A TAP não evitou mais um ano de resultados negativos, apresentando um prejuízo de 105,6 milhões de euros em 2019, ligeiramente abaixo dos 118 milhões registados no exercício anterior.

De acordo com o grupo, liderado por Antonoaldo Neves, houve um impacto financeiro negativo de 55 milhões de euros no “processo que envolve a gestão da entrada das 30 novas aeronaves e a saída de 18 antigas”. A transportadora, que diz ter investido “fortemente” na pontualidade e na regularidade da operação, aponta o dedo à “falta de investimento na capacidade do aeroporto de Lisboa” e ao “congestionamento do espaço aéreo”. “Em 2019, a TAP foi penalizada entre 30 milhões de euros a 35 milhões de euros em resultado da ineficácia da infra-estrutura”, diz a empresa, num crítica implícita à ANA, do grupo Vinci, responsável pela gestão do aeroporto da Portela.

No segundo semestre, as contas já foram melhores do que nos primeiros seis meses do ano, o que permitiu reduzir as perdas. De acordo com a empresa, houve um resultado líquido de 14,1 milhões de euros entre Junho e Dezembro, face a um prejuízo de 28 milhões de euros no período homólogo de 2018. “O segundo semestre foi um período de forte crescimento e recuperação para a TAP, tendo sido sustentado sobretudo pelo investimento realizado nos últimos 18 meses”, diz a empresa em comunicado.

O resultado operacional em 2019, refere a TAP, passou de prejuízo de 44 milhões em 2018 para um lucro de 58,6 milhões de euros. “Em 2019, a TAP investiu de uma forma sem precedentes na história da companhia”, diz o grupo, sublinhando que recebeu “30 novos aviões de última geração, inaugurou 11 novas rotas e contratou cerca de 900 novos trabalhadores”.

Segundo a companhia, os passageiros transportados ascenderam a mais de 17 milhões, “um incremento de 8% face ao período homólogo, consolidando a trajectória de crescimento dos últimos quatro anos”. Já o CASK (custo operacional unitário por assento-quilómetro) caiu 9% no total do ano, com o contributo do investimento “na renovação da frota com aviões mais eficientes”.

Uma das apostas da transportadora tem sido no mercado norte-americano, que tem permitido compensar a volatilidade do mercado brasileiro, o qual, apesar dos impactos negativos no início do ano passado, “tem dado sinais de recuperação nos últimos meses”.

No ano passado, acrescenta ainda o grupo, registou-se “o reforço do balanço com a maior posição de caixa da história da TAP, no valor de 434 milhões de euros”.

Prémios polémicos entre accionistas

David Neeleman, o principal accionista privado da TAP, ao lado de Humberto Pedrosa, já afirmou ao Observador que vão voltar a ser pagos prémios de desempenho em relação ao exercício do ano passado, mesmo com o grupo a registar prejuízos. O tema dos prémios, que já deu polémica com o accionista Estado no ano passado, está novamente a gerar controvérsia.

Esta quarta-feira, na véspera da apresentação dos resultados, o ministro com a tutela da empresa, Pedro Nuno Santos, foi ao Parlamento dizer, citado pela Lusa, que era"inaceitável” que a TAP, com “100 milhões de euros de prejuízos” em 2019, atribuísse prémios a uma minoria. “É uma falta de respeito para com a esmagadora maioria dos trabalhadores da TAP e para com os portugueses”, afirmou o ministro das Infra-estruturas numa audição parlamentar na Comissão de Economia, Inovação, Obras Públicas e Habitação.

Segundo afirmou o ministro, os prejuízos na TAP são “uma matéria que preocupa” o Governo. "No conselho de administração, a maioria é do Estado. Na gestão, é 100% privada”, reforçou Pedro Nuno Santos, referindo que a decisão de atribuição de prémios aos trabalhadores “é uma questão da gestão”. Ainda assim, “foi dito à TAP que não permitiremos a atribuição de prémios”, sublinhou o ministro. com Rosa Soares

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