TAP sobe em passageiros mas desce em taxa de ocupação

Transportadora registou mais 8,2% de passageiros em 2019, chegando aos 17 mihões, mas taxa de ocupação teve uma ligeira descida para 80,1%. Contas ainda não foram divulgadas.

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Grupo TAP teve um prejuízo de rejuízo de 111 milhões de euros entre Janeiro e Setembro de 2019 Nelson Garrido

A TAP transportou 17,05 milhões de passageiros no ano passado, o que representa uma subida de 8,2% (1,29 milhões de passageiros) face a 2018, e um novo recorde para a transportadora aérea. No entanto, a taxa de ocupação sofreu uma ligeira diminuição, passando de 81% em 2018 para 80,1% em 2019 (em 2017, a taxa foi de 83%). De acordo as respostas enviadas ao PÚBLICO pela empresa, a redução deste indicador “relaciona-se, sobretudo, com uma menor procura no primeiro semestre do ano”.

Ao longo do ano passado, a TAP recebeu vários dos aviões que tinha encomendado (o que obrigou a novas contratações), e abriu novas rotas para destinos como Conacri e Telavive, além de reforçar a aposta que tem vindo a fazer nos Estados Unidos (como São Francisco e Chicago). Em 2019, chegaram a Portugal 30 novas aeronaves Neo da Airbus, com destaque para os 16 A330neo.

De acordo com o comunicado emitido esta terça-feira pela transportadora, os indicadores de tráfego “registaram uma evolução muito positiva nos últimos meses do ano, após um primeiro trimestre com sinais de abrandamento, o que permitiu encerrar 2019 com crescimento em todos os principais indicadores”.

Entre Janeiro e Março de 2019, houve um recuo de 0,3% no número de passageiros, face a idêntico período de 2018, mas houve depois uma recuperação. Já em Dezembro, diz a empresa, foram transportados 1,3 milhões de passageiros (mais 14%), o que resultou num “novo recorde histórico para este mês”. 

O impacto do Brasil

Ao contrário do que sucedeu no ano passado, a empresa não forneceu dados sobre a evolução registada nas principais geografias. No relatório e contas do primeiro semestre, a transportadora afirmou que a América do Norte, com destaque para os Estados Unidos, “representou já 13,1% da receita de passagens”, com uma subida de oito pontos percentuais em cinco anos.

Em resposta ao PÚBLICO, a empresa informou que, no acumulado do ano, as rotas com maior crescimento, em termos absolutos, “foram as rotas europeias (excluindo Portugal), com mais 670 mil passageiros que em 2018”. Já em termos relativos, a maior subida ocorreu nas rotas da América do Norte, com mais 31%.

Este ano, a TAP espera operar “71 frequências semanais no mercado norte-americano, e 88 frequências no mercado brasileiro”, números que mostram a aposta nos EUA e numa maior diversificação na origem das receitas (em 2015 havia 16 frequências semanais nos EUA).

Segundo a empresa liderada por Antonoaldo Neves, nos primeiros seis meses em 2019 o Brasil foi responsável por um decréscimo de receitas de passagens avaliado em 43,1 milhões de euros (uma queda de 10,6%), “em resultado da manutenção do clima de instabilidade político-económica iniciado no segundo semestre de 2018”.

À espera dos resultados

As contas de 2019 da TAP só deverão ser conhecidas dentro de dois meses, momento no qual se saberá se o grupo manteve os prejuízos, e qual a sua dimensão. Em Março do ano passado, a gestão surpreendeu o mercado com um resultado negativo de 118 milhões de euros, após o regresso ao lucro em 2017 (algo que não acontecia desde 2007).

Nos primeiros nove meses do ano passado, a TAP teve um prejuízo de 111 milhões de euros, devido, segundo a empresa, a “variações cambiais sem impacto na tesouraria”. As receitas foram de 1052 milhões, uma subida de 6,1% suportada “pelo crescimento do mercado norte-americano e pela recuperação do Brasil”.

Em termos de financiamento, a transportadora está a pagar os créditos renegociados com os bancos, e a ir buscar dinheiro ao mercado de obrigações. No final do ano passado, a TAP emitiu obrigações sénior no valor de 375 milhões de euros, com juro de 5,6% e maturidade em 2024. De acordo com a empresa, o principal objectivo é a “antecipação do reembolso de determinados empréstimos no âmbito do passivo existente”.

Actualmente, o Estado detém 50% do capital da TAP, cabendo 5% a trabalhadores e 45% ao consórcio Atlantic Gateway (responsável pela maioria dos direitos económicos e do qual David Neeleman detém 50,91%, ao lado da Azul, fundada por este empresário e dona de 9,09%, e de Humberto Pedrosa, com 40%), numa relação que tem sofrido vários percalços.

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