Lucro do BCP estabiliza nos 300 milhões de euros

O lucro líquido do banco liderado por Miguel Maya cresceu muito ligeiramente para os 302 milhões de euros, confirmando o melhor resultado dos últimos 12 anos.

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LUSA/ANTÓNIO COTRIM

O Millennium BCP fechou 2019 com um resultado líquido de 302 milhões de euros, acima dos 301,1 milhões do ano anterior, de acordo com o comunicado divulgado esta quinta-feira. Sem itens extraordinários, os lucros do banco chegaram aos 369,1 milhões, um crescimento de 11,7%. Entre estes eventos específicos estão os “custos de reestruturação e compensação pelo ajuste temporário dos salários” em Portugal, bem como os custos da integração do Euro Bank na Polónia.

Para este desempenho - que confirma o melhor resultado dos últimos 12 anos - contribuíram de forma diferente os dois grandes mercados do BCP, Polónia e Portugal. No mercado português, o resultado líquido cresceu 25,4% para os 144,8 milhões de euros “fortemente influenciado pela diminuição significativa das necessidades de provisionamento, sobretudo do crédito, beneficiando também, embora de forma menos expressiva, do aumento dos resultados em operações financeiras”. A pesar neste desempenho, estiveram o “acréscimo dos custos operacionais e o impacto fiscal associado essencialmente ao cenário de taxas de juro”.

Na operação internacional, dominada pela Polónia, o BCP destaca no documento das contas o “menor contributo da operação polaca, condicionado pelo impacto resultante dos custos associados à integração do Euro Bank”, que mais custos operacionais e um maior número de imparidades para absorver a carteira de crédito envolvida na compra do banco polaco pelo Millennium Bank. Por outro lado, o resultado também foi pressionado pela “constituição de uma provisão extraordinária para os processos relacionados com os créditos hipotecários concedidos em francos suíços”.

Por outro lado, “a apropriação dos resultados gerados pelo [angolano] Banco Millennium Atlântico, em 2019, também se revelou inferior ao montante apurado no ano anterior, influenciada, tanto pelo reforço do nível de cobertura de riscos por imparidades e provisões”.

Assim, o resultado líquido na actividade internacional ascendeu aos 143,8 milhões de euros em 2019.

Em termos consolidados, o BCP explica a estabilização do resultado líquido com o crescimento da margem financeira (em especial, na Polónia), com os resultados de operações financeiras (com a venda de dívida pública em Portugal) e com a diminuição das imparidades de crédito, depois de largos anos de limpeza do balanço. A penalizar o desempenho esteve o aumento dos custos operacionais (com a integração do Euro Bank e, em Portugal, com o reajuste salarial e o aumento dos trabalhadores), bem como o impacto do cenário de taxas de juro baixas, que tem penalizado a generalidade das instituições financeiras. 

No que diz respeito a um dos temas que está a marcar a agenda política, as comissões no mercado português atingiram os 483,2 milhões de euros em 2019, mais 1,7% do que no ano anterior, um aumento “determinado pelo comportamento favorável das comissões relacionadas com o negócio bancário, que cresceram 20,4 milhões de euros”, explica o BCP, que não revelou qual será o valor a distribuir aos accionistas em dividendos.

Durante 2019, o número de balcões diminuiu 7,5% para 505 em Portugal, ao passo que as agências na actividade internacional duplicaram para 1031 com a compra do Euro Bank. Já os trabalhadores cresceram ligeiramente em Portugal para 7204, ao passo que subiram 21% para os 11.381 no negócio internacional. 

Relativamente às imparidades, a situação do BCP está muito longe do quadro negro que marcou os últimos anos, em particular no pico da crise financeira. Em termos consolidados, fixaram-se em 390,2 milhões “mantendo a evolução favorável registada nos últimos anos, ao evidenciar uma redução de 16,0% face aos 464,6 milhões de euros apurados em 2018”, explica o banco. Em Portugal, as imparidades caíram 28% para os 280 milhões, numa altura em que o mercado de compra de créditos problemáticos continua a crescer e a permitir aos bancos “limparem” o balanço dos activos menos rentáveis.

No crédito, a carteira cresceu 7,2% com o contributo da integração do Euro Bank, atingindo os 54.724 milhões de euros. Em Portugal, o crédito bruto a clientes desceu ligeiramente para os 36.715 milhões, em resultado da diminuição de empréstimos problemáticos, sobretudo.

Nos depósitos, no final do ano passado os recursos de clientes “ascenderam a 81.675 milhões de euros, apresentando uma evolução muito favorável, ao aumentar 10,3%”. Um efeito do “bom desempenho quer da actividade em Portugal, quer da actividade internacional, cujos crescimentos foram de 3506 milhões de euros e de 4146 milhões de euros respectivamente”.

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