A ladainha do “não somos todos iguais”

Quando se olha para aquilo que é o estado do país e para o triângulo entre sistema financeiro, sistema político e o mundo dos grandes advogados de negócios, as indistinções tornam-se obscenas.

Uma das promessas que fiz a mim próprio quando comecei a escrever nos jornais foi esta: nomearia as pessoas de quem estava a falar. A opinião publicada na imprensa portuguesa é muito dada a abstracções, generalizações e referências indirectas do tipo tu-sabes-que-eu-sei-que tu-sabes-que-eu-sei. Sempre recusei fazer parte de tal clube. Aquilo a que José Miguel Júdice chamou recentemente o meu “fonds de commerce, que me leva a distribuir “ad hominem estatutos, papéis e reputações”, é uma opção que só traz chatices. Em Portugal não há problema algum em falar em corrupção, lobbies, corporativismo ou privilégios de classe, desde que não se diga que A é corrupto, B é lobista, C é corporativo ou D é um privilegiado. Somos extremamente corajosos a fazer críticas universais, e extremamente cobardes a fazer críticas singulares e muito concretas.

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