Quase dez mil infectados e 213 mortos. Coronavírus chega ao Reino Unido e à Rússia

São quase mais dois mil casos de infecção em relação ao último balanço. Há centenas de voos cancelados e os Estados Unidos — onde há seis pessoas infectadas — elevaram nível de alerta e aconselham norte-americanos a sair da China.

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China Reuters/CHINA DAILY

A China informou nesta sexta-feira que o número de mortos por causa do novo coronavírus de Wuhan subiu para 213 e o de pessoas infectadas para 9692. O anterior balanço apontava para 7736 pessoas infectadas e 170 mortos.

Os números anunciados dizem respeito às últimas 24 horas e representam mais 43 mortos e quase mais dois mil casos de infecção em relação aos últimos dados avançados pelas autoridades chinesas. A grande maioria dos casos ocorreu na província de Hubei e na sua capital, Wuhan, o epicentro do surto.

Segundo o relatório diário da Comissão Nacional de Saúde, actualizado às 4h (20h de quinta-feira em Lisboa), o número de pacientes em estado grave é de 1527, enquanto 171 pessoas já receberam alta.

O surto começou em Dezembro na cidade de Wuhan, capital da província de Hubei, no centro da China, e na quinta-feira a Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou emergência de saúde pública internacional, num momento em que a epidemia se espalhou para mais de uma dúzia de países.

Além da China e dos territórios chineses de Macau e Hong Kong, há mais de 50 casos confirmados do novo coronavírus em 19 outros países — na Tailândia, Japão, Coreia do Sul, Taiwan, Singapura, Vietname, Nepal, Malásia, Estados Unidos, Canadá, França, Alemanha, Itália, Austrália, Finlândia, Emirados Árabes Unidos, Camboja, Filipinas e Índia. Segundo a Reuters, foram detectados na manhã desta sexta-feira dois casos no Reino Unido, os primeiros no país. A Rússia também anunciou que foram detectados os dois primeiros casos no país, num casal de nacionalidade chinesa.

O Governo italiano declarou nesta sexta-feira estado de emergência depois de terem sido identificados os dois primeiros casos de coronavírus em dois turistas chineses que estavam de visita a Roma – as autoridades estão agora a tentar perceber qual foi o seu itinerário desde que chegaram a Itália.

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Uma pessoa depois de lhe ter sido proibida a entrada numa zona de quarentena THOMAS PETER/REUTERS

Já Singapura anunciou nesta sexta-feira que estava a proibida a entrada de todos os visitantes que tenham estado na China recentemente e suspenderam também a emissão de vistos para todas as pessoas com passaporte chinês – a proibição entra em vigor este sábado. A Mongólia também já tinha anunciado que fecharia as suas fronteiras terrestres com a China (assim como a Rússia, a Coreia do Norte e o Vietname) para impedir o alastramento do coronavírus.

Uma emergência de saúde pública internacional supõe a adopção de medidas de prevenção e coordenação à escala mundial. Para a declarar, a OMS considera três critérios: uma situação extraordinária, risco de rápida expansão para outros países e resposta internacional coordenada. Esta é a sexta vez que a OMS declara emergência de saúde pública internacional.

A cidade chinesa de Wuhan, epicentro do surto do novo coronavírus, está isolada do mundo há uma semana, como a quase totalidade da província de Hubei, onde vivem 56 milhões de pessoas, impedidas de deixar a região.

Os Estados Unidos e o Japão retiraram parte dos seus concidadãos de Wuhan. Portugal vai igualmente repatriar cidadãos da mesma cidade chinesa, juntamente com outros países europeus.

A Rússia anunciou na quinta-feira a intenção de fechar 4250 quilómetros de fronteira com a China e o Cazaquistão ordenou o encerramento das ligações em autocarro, avião e comboio com o mesmo país vizinho.

EUA aconselham norte-americanos a sair da China

Os EUA recomendaram aos seus cidadãos para não viajarem para a China por causa do novo coronavírus, elevaram o nível de alerta em um nível e aconselharam os norte-americanos a abandonarem o território chinês.

Os norte-americanos “actualmente na China devem explorar a possibilidade de deixar o país usando meios comerciais”, indicou o Departamento de Estado num comunicado publicado no seu site.

Por outro lado, solicitou que “todos os funcionários não essenciais do Governo dos Estados Unidos adiassem a sua viagem à China por causa do novo coronavírus”,

Várias companhias aéreas decidiram suspender ou reduzir os seus voos para a China continental face à propagação do novo coronavírus. A OMS opôs-se à restrição de viagens, apesar de o surto do novo coronavírus na China ser uma emergência de saúde pública internacional. Não obstante, o governo italiano suspendeu todos os voos provenientes ou com destino à China depois de confirmados dois casos no país do novo coronavírus.

O Aeroporto Internacional de Macau (MIA) cancelou centenas de voos e recebeu menos 25% de passageiros entre 24 e 28 de Janeiro, período do Ano Novo Lunar chinês, em comparação com igual período das celebrações em 2019. O primeiro caso do novo coronavírus foi tornado público em Macau a 22 de Janeiro, dias antes da semana de celebrações do Ano Novo Lunar, altura em que milhares de turistas visitam a capital mundial do jogo, a maioria deles provenientes da China continental.

Centenas de voos de e para Macau foram cancelados, a maioria com destino e chegada para a China continental. Um total de 13 companhias cancelou voos, alguns até 28 de Março.

As medidas de segurança dentro do aeroporto foram reforçadas. Quando se entra no complexo existem funcionários de saúde “com batas e máscaras a avaliarem as pessoas que entram”, explicou à Lusa fonte da aviação de Macau.

É necessário ainda “preencher um formulário sobre o histórico de viagens dos últimos 14 dias” e dentro do terminal as autoridades avaliam algumas pessoas que “estão com tosse ou com ar doente”, acrescentou a mesma fonte. “Toda a gente é obrigada a ter máscara dentro do terminal e dentro dos aviões”, frisou o responsável.

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