Santander Totta: Dossiê Isabel dos Santos “não ajuda a recuperar a confiança na banca”

A operação portuguesa do grupo espanhol Santander cresceu 5,5% em 2019

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LUSA/TIAGO PETINGA

A operação portuguesa do grupo espanhol Santander fechou o ano de 2019 com lucros de 527,3 milhões de euros, mais 5,5% do que no exercício anterior, com impulso do aumento de 7% do produto bancário.

Em 2019 o banco captou 2,4 mil milhões de euros de poupanças, com um recorde de crescimento de clientes para 17.500, um aumento de 2,6%. A fatia dos clientes digitais subiu 5,6%. Os depósitos de clientes subiram 5,2%, totalizando 35,2 mil milhões de euros.

Os rácios de capital CET 1 atingiu 15,2% e o rácio de eficiência ficou em 45%. 

Em conferência de imprensa a decorrer em Lisboa, Pedro Castro e Almeida afirmou que o Santander Portugal "analisou e entendeu que não devia cobrar comissões aos clientes institucionais”, recusando o presidente da instituição Pedro Castro e Almeida que a decisão tenha sido “um recuo” resultante da intervenção do Banco de Portugal.

O Banco Popular, absorvido pelo Santander Portugal, está totalmente integrado, garantiu.

"Reputação da banca não é boa"

Pedro Castro e Almeida não manifestou interesse no Eurobic, que foi colocado à venda na sequência das averiguações a principal accionista Isabel dos Santos. O banqueiro notou ainda que o Santander já fez múltiplas aquisições e está confortável com a quota de 20%. Acrescentou ainda que o Santander não está interessado “em adquirir mais nenhum banco em Portugal”, e clarificou que também se referia ao Montepio.

“A minha percepção e conhecimento é que a reputação da banca não é boa em Portugal, não é boa na Europa e no mundo”, disse Pedro Castro Almeida, concluindo que as notícias sobre o tema Angola/Sonangol/Isabel dos Santos "não ajuda a recuperar a confiança” no sector.

Relativamente ao Novo Banco e às sucessivas injecções de capital via Fundo Resolução, Pedro Castro Almeida explicou que o interesse em acelerar a venda do Novo Banco e em accionar o mecanismo de injecção de fundos é do interesse do accionista norte-americano Lone Star. E que, embora não estando os bancos financiadores do Fundo de Resolução informados, quanto mais depressa o tema ficar fechado e menor for o valor aplicado, melhor será.

Tema do cartel da banca “foi inventado"

Para o presidente do Santander Portugal “o tema do cartel da banca foi inventado - e o que a acusação o que diz é que não houve cartel, mas troca de informação entre” pessoas da banca. Classificou o tema de “mediático”, pois não nenhuma entidade ou pessoa foi prejudicada e informou que haverá recurso para os tribunais.

Recorde-se que “a tal troca de informações” a que Castro  Almeida se refere, levou no entanto, a Autoridade da Concorrência (AdC) a aplicar multas elevadas aos bancos visados. Uma situação que o banqueiro qualificou “de uma incongruência” das autoridades. 

Sobre a volatilidade dos mercados fez o comentário: “Eu pensava que era um especialista em mercados e, quando o presidente Trump ganhou, eu teria dado ordem de venda das acções, mas desde aí o mercado nos EUA subiu 20%.” Portanto, sublinhou, há que ter cautela.

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