Agentes prometem continuar “luta” no Algarve e recordam o antigo confronto entre polícias

GNR marcou presença, pouco mais do que simbólica ao lado da PSP. A ameaça de processos disciplinares pairou no ar

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LUSA/LUIS FORRA

Os polícias do baixo Alentejo juntaram-se aos colegas do Algarve, na manifestação que esta terça-feira juntou mais de meia centena de agentes da autoridade, PSP e GNR, no jardim Manuel Bívar, em Faro. À frente da delegação Beja estava Francisco Passinhas, um veterano de velhas lutas sindicais. “Estive nos ‘secos e molhados’, em 1989, e pertenço à direcção da ASSP [Associação Sindical dos Profissionais de Polícia] desde sempre”, diz Francisco Passinhas cuja família já tem ligações à polícia há cerca de “100 anos”. “Já sou de terceira geração”, diz lembrando os direitos de manifestação e promessas não cumpridas.

O número de participantes, aquém das expectativas, não surpreendeu Passinhas: “Tivemos de conjugar a vinda com as folgas”, justificou. “De Beja viemos dez, mas chegamos a pensar num autocarro”. O secretário nacional da ASPP para o Algarve, Fernando Raposo, subscreve a explicação. “Isto é para assinalar que estamos presentes, e a quantidade não é sinónimo de qualidade. Estamos na luta e vamos continuar”, enfatiza, prosseguindo, “se as coisas não se resolverem a breve prazo, nós continuaremos na luta todos os meses. Não nos vencem pelo cansaço”.

Desde a actualização salarial ao não pagamento do subsídio de risco, Fernando Raposo destaca ainda a falta de condições de trabalho. “O nosso parque automóvel está inoperacional, se forem ali ao Comando de Faro, estão lá cerca de três dezenas de carros à espera de reparação”. As previsões mais optimistas, diz, “apontam para Março para resolver problemas – tais como, mudar uma correia de distribuição ou de pneus”. A ocasião foi ainda aproveitada por dois ou três agentes, para darem largas à imaginação. Surgiram com narizes de palhaço, a pretenderem sublinhar a ideia de que estão a ser tratados como “palhaços” pelo Governo. “Subsídio de risco para palhações. Não há verba disponível até quando?”, lia-se num dos cartazes.

O dirigente da Associação de Profissionais da Guarda (APG), Ruben Teixeira, esperou para o final do dia na esperança de ver os camaradas juntarem-se à manifestação, mas não teve êxito. “Somos uma força militar e processo disciplinar está presente”, disse. Quando começou a manifestação, cerca das 14h, estavam apenas duas dezenas de polícias. Aos poucos a coisa foi-se compondo, e ultrapassou a meia centena de presenças. “A luta continua”, rematou Fernando Raposo. Por sua vez, o representante da APG, lembrou a diferença de estatutos entre a PSP e GNR, pelo facto desta última força militar não poder formar um sindicato. “Mas nós, como dirigentes associativos, temos de dar a cara por aqueles que não podem falar. Muitos dirigentes associativos têm processos disciplinares às costas”. Um exemplo da falta de condições de trabalho: “Há postos da Guarda, no Algarve, encerrados há quatro anos, à espera de obras de recuperação.” 

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