Pais de Julen chegam a acordo com dono do terreno e evitam julgamento

O acordo estabelece uma pena de prisão de um ano para o proprietário do terreno e o pagamento de uma indemnização de 180 mil euros aos pais de Julen.

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A criança de dois anos que caiu num poço em Totalán (Málaga), no dia 13 de Janeiro de 2019, foi encontrada 12 dias mais tarde BOMBEIROS DE MÁLAGA

Os pais de Julen, o menino de dois anos que caiu num poço em Totalán (Málaga) em Janeiro do ano passado, chegaram a acordo com o proprietário do terreno onde estava o poço, David Serrano, acusado de homicídio por negligência. Esta terça-feira, Serrano foi condenado a um ano de prisão depois de se declarar culpado de morte por imprudência grave.

O acordo alcançado com os pais da criança refere que estes serão compensados em 180 mil euros. A audiência foi realizada no Tribunal Criminal n.º9 de Málaga e o acusado, além de reconhecer os factos que lhe foram imputados pelo procurador e pela acusação particular, pediu desculpas e garantiu que nunca quis “que acontecesse algo com a criança”. O magistrado pronunciou a sentença verbalmente, considerando as atenuações do reconhecimento tardio dos factos e a reparação parcial dos danos.

O julgamento da morte de Julen estava previsto arrancar esta terça-feira, mas o acordo foi alcançado 24 horas antes. Na segunda-feira de manhã, os representantes de ambas as partes reuniram-se com os procuradores do caso no campus de Justiça de Málaga para esclarecer os termos do acordo, que terá sido aceite pelo Ministério Público espanhol. Só faltava a aprovação da juíza do Tribunal Criminal n.º9 de Málaga responsável pelo caso, Elena Sancho Mallorquín, que acabaria por validar o documento esta terça-feira.

O acordo estabelecia uma pena de prisão de um ano para David Serrano por um crime de negligência grave, assim como o pagamento de uma indemnização aos pais de Julen, Victoria García e José Roselló. O proprietário do terreno seria ainda obrigado a pagar os custos das operações de resgate (cujo valor não é detalhado), que decorreram durante 13 dias em Totalán (Málaga) até que o corpo de Julen Roselló foi encontrado sem vida.

Fontes do Ministério Público espanhol, citadas pelo El País, explicaram na segunda-feira que Serrano era acusado de um crime de homicídio por negligência, mas avançavam que a pena (que poderia ir de um a quatro anos de prisão) não deveria ser superior a um ano devido à existência de várias atenuantes.

Ao longo dos últimos meses, os advogados de defesa do proprietário do terreno tentaram, por várias vezes, chegar a acordo com os pais de Julen, de forma a evitar o julgamento. “É melhor um mau acordo do que um bom processo”, referiu um dos advogados citado pelo El País. Salientando que as últimas semanas “foram decisivas”, os advogados mostraram-se satisfeitos com a chegada a acordo, para que Serrano possa evitar a prisão e “deixe de estar sujeito ao escrutínio público”.

Anteriormente, os pais de Julen tinham pedido três anos e meio de prisão para David Serrano, enquanto o Ministério Público espanhol pediu três anos de cadeia para o proprietário do terreno, único acusado de homicídio por negligência. O furo de prospecção de água — e respectivas obras efectuadas antes do acidente — não tinham qualquer tipo de sinalização ou autorização legal.

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