Corpo de Julen encontrado no poço de Totalán, em Málaga

Mineiros chegaram ao corpo da criança de dois anos.

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ALVARO CABRERA/EPA

Julen, a criança de dois anos que caiu num poço em Totalán (Málaga) no dia 13 de Janeiro, foi encontrado sem vida ao princípio da madrugada deste sábado, anunciaram as autoridades espanholas.

A Brigada de Salvamento Mineiro cavou manualmente os quatro metros que separavam o poço de pequeno diâmetro (25 centímetros) e grande profundidade (107 metros) onde Julen caiu e um túnel vertical paralelo, de 60 metros, aberto nas operações de resgate.

A extrema dureza do terreno e fortes rajadas de vento atrasaram o resgate do corpo, acompanhadas de perto por dezenas de pessoas no local e por milhões de pessoas através dos meios de comunicação.

O resgate de Julen envolveu, desde o primeiro dia, mais de 300 pessoas, que trabalharam por turnos.

Na noite de sexta-feira, depois de as equipas de resgate efectuarem uma nova microexplosão, continuaram os trabalhos para alcançar o local onde se acreditava estar Julen. Os mineiros estavam, na sexta-feira à noite, apenas a 45 centímetros do sítio onde se acreditava que Julen estivesse.

A necessidade de efectuar microexplosões atrasou os trabalhos, visto que Julen se encontrava a menos de um metro de distância do local das detonações necessárias à abertura do poço paralelo.

Ao início da tarde de sexta-feira foram enviados para o local três helicópteros com material necessário para concluir a operação.

Operação delicada

A perfuração da galeria foi a parte mais delicada de todo o resgate. Os membros da equipa à frente dos trabalhos usaram um laser para impedir os meios de comunicação de captar imagens.

Dificuldades técnicas motivaram vários atrasos nas operações. Depois de terem perfurado, na madrugada de terça-feira, o túnel vertical paralelo ao poço, a equipa procedeu ao seu entubamento para evitar que o terreno cedesse e para que a estrutura metálica com os mineiros da equipa de resgate conseguisse passar.

No entanto, na terça-feira, os técnicos foram obrigados a retirar os tubos (depois de estes terem ficado presos ao atingir os 40 metros devido à irregularidade das paredes e dureza das rochas) e a perfurar novamente o túnel vertical para alargá-lo. 

Novos obstáculos foram surgindo. Uma saliência encontrada no fundo do túnel vertical obrigou a equipa a reunir esforços para reduzir o diâmetro do próprio tubo de revestimento, segundo o El País

Na fase final do resgate, mineiros desceram o túnel vertical através de uma estrutura metálica e escavaram manualmente uma galeria horizontal de quatro metros para chegar ao poço onde estava Julen.

Ángel García Vidal, coordenador das operações de resgate, classificou o resgate como uma "obra de engenharia humanitária".

Na terça-feira, um juiz de instrução de Málaga abriu uma investigação para averiguar as circunstâncias exactas em que Julen caiu no poço. 

O delegado do Governo espanhol na Andaluzia, Alfonso Rodríguez Gómez de Celis, disse em conferência de imprensa que o resultado da autópsia, que teve início este sábado, às 8h, será apresentado ao juiz que está a conduzir a investigação ao caso.

A criança foi dada como desaparecido a 13 de Janeiro. Análises de ADN a cabelo encontrado no poço confirmaram que Julen caíra mesmo no buraco em Totalán, que não tinha protecção. 

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