Aos nove anos, a Música Portuguesa vai Gostar Dela Própria para Lousã

Projecto quer sediar-se e criar um centro cultural em Serpins. Esta quinta-feira, 16, o aniversário da MPGDP será assinalado com a divulgação de uma playlist com 12 temas de música cigana, ao abrigo do projecto A Música Cigana a Gostar Dela Própria.

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Daniel Rocha

O projecto cultural A Música Portuguesa a Gostar Dela Própria, a celebrar nove anos, prepara uma “mudança bastante radical” da sede para Serpins, Lousã, onde pretende criar um centro cultural, disse à Lusa Tiago Pereira. “É uma mudança bastante radical e de certa forma política, largar Lisboa e ir para o centro. Serpins faz sentido, é um sítio pequeno, central e bonito. O centro tem essa grande questão de ter práticas musicais bastante vivas e permanecem com mudanças”, explicou o fundador do projecto.

O nono ano de existência do projecto deverá ficar marcado em 2020 por várias iniciativas, entre as quais um piquenique musical, a 21 de Março, na Praia Fluvial da Senhora da Graça, em Serpins, para assinalar a mudança da sede.

À semelhança do que já existe em Beja, dedicado ao cante alentejano e à viola campaniça, está prevista também a abertura, em data a confirmar, de um Centro Interpretativo da MPGDP em Palmela (Setúbal), numa sala numa escola primária, e possivelmente dedicada à “diversidade musical” de Palmela e aos círios — tradição religiosa — locais.

A Música Portuguesa a Gostar Dela Própria (MPGDP) foi criada a 16 de Janeiro de 2011. O que começou por ser um canal digital de música com partilha de gravações de artistas portugueses, profissionais e amadores, tornou-se numa plataforma nacional de divulgação de práticas culturais assentes na música e na transmissão oral.

A propósito ainda da transferência para o centro do país, Tiago Pereira explicou que está a ser preparado um encontro a 30 e 31 de Maio, na Marinha Grande, em parceria com o projecto Tocándar, descrito como “um quase congresso sobre a música afectiva de interesse das pessoas”. Neste trabalho de registo de práticas musicais pelo país através da MPGDP, Tiago Pereira diz que já não aceita ficar preso a conceitos descritivos sobre património, tradição, oralidade. “Interessa-nos poder continuar a mostrar isso tudo, mas não podemos dar um nome. Temos de aceitar que não vamos encaixar. O MPGDP só existe porque há pessoas que gostam do que fazem e que nos fazem gravá-las. Achamos que era importante fazer um quase congresso desta música afectiva a qualquer pessoa, com um sentimento de interesse”, elaborou.

Em nove anos de existência, o projecto MPGDP foi crescendo para a área da dança, da gastronomia, da música ibérica e da música cigana. Na quinta-feira, 16, o aniversário da MPGDP será assinalado ainda com a divulgação de uma playlist na plataforma Bandcamp de 12 temas de música cigana, ao abrigo do projecto A Música Cigana a Gostar Dela Própria, apoiado pelo Alto Comissariado para as Migrações.

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