Jesus condecorado: “Daqui a 50 anos, vão lembrar-se que foi um português que conquistou a Libertadores”

Treinador do Flamengo foi condecorado nesta segunda-feira com a Ordem do Infante D. Henrique. E pediu maior valorização do futebol português.

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Patriarca Mateus de Alexandria
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O anúncio já tinha sido feito há muito pela Presidência da República e a condecoração chegou nesta segunda-feira. No Palácio de Belém, em Lisboa, o treinador Jorge Jesus foi agraciado com a Ordem do Infante D. Henrique por “projectar o prestígio de Portugal” e aceitou as honras com um discurso de pacificação do futebol português.

"A importância de o povo português se associar e partilhar as vitórias do Flamengo, principalmente, nas competições internacionais, como foi o caso da Libertadores e do Mundial de Clubes. Essa vitória, para mim, é a mais importante. Ver os portugueses em conjunto a apoiarem um treinador português”, declarou o técnico que abalou os alicerces do futebol brasileiro.

Com alguns dos presidentes dos clubes que já representou na cerimónia (Frederico Varandas, Luís Filipe Vieira, António Salvador e Pimenta Machado), Jorge Jesus explicou que o convite foi endereçado a várias personalidades, incluindo o líder do FC Porto, Pinto da Costa, que não pôde estar presente. “Tem de haver rivalidades, mas há o caminho do futebol para seguir. Em Portugal temos um futebol bonito e adeptos apaixonados e, nestes dois anos fora, tive momentos em que pensei nisso, que é um caminho novo para o futebol português”, destacou.

Sem querer alongar-se sobre o futuro, mas admitindo que um eventual regresso a Portugal “está mais difícil”, o treinador que relançou nesta temporada um gigante como o Flamengo debruçou-se sobre o significado da distinção atribuída pelo Presidente da República: “Para mim, esta condecoração vai para além do futebol. Porque eu senti isso no Flamengo. Para além de estar a representar um clube, estava a representar o meu país e por isso, quando subi ao pódio lembrei-me logo de levar a bandeira de Portugal às costas”, explicou Jesus.

Entre as palavras honra e orgulho foi tentando descodificar sentimentos e acabou por resumir a façanha desportiva que alcançou numa frase apenas: “Esta ligação histórica entre Portugal e o Brasil, daqui a 50 anos, já não estarei cá [risos], vão lembrar-se lá que foi um português que conquistou a Libertadores e o Brasileirão”.

Minutos antes, tinha sido Marcelo Rebelo de Sousa a justificar a distinção a um homem do desporto, algo que tem acontecido com frequência desde que iniciou o mandato. "Uma das tradições desta casa é a condecoração de treinadores de futebol que se destacam pelo seu trabalho. A segunda tradição é os condecorados receberem as insígnias pelo mérito conquistado e que elevam o nome de Portugal. No caso Jorge Jesus, para além da carreira conhecida, interna e externa, temos a condução à vitória de um clube de uma competição continental, de prestígio mundial e a presença na final do Mundial de Clubes”, elencou.

“Jorge Jesus contribuiu e contribui para projectar o prestígio de Portugal, e isto num país que nos é muito querido. O que dá uma densidade enorme, porque sabemos bem que há uma grande quantidade de portugueses a viver no Brasil e que é o país onde é mais falada a nossa língua e isto tem de ser relevado. Esta é uma condecoração pensada para a projecção de Portugal no mundo, tal como fez o Infante D. Henrique”, concluiu Marcelo Rebelo de Sousa.

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