Jorge Jesus ficou “à porta”: Flamengo perdeu o Mundial de Clubes

O Liverpool teve as melhores oportunidades de golo, mas o Flamengo dominou globalmente a partida. Um desfecho inglório para o treinador português, que volta a perder uma final de uma grande competição internacional.

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Jogadores do Liverpool celebram em Doha. Reuters/IBRAHEEM AL OMARI

21 de Dezembro de 2019 poderia ser o dia da consagração suprema de Jorge Jesus, mas o português voltou a “bater na trave” numa grande final. O Flamengo perdeu com o Liverpool, por 1-0 (marcou Firmino), neste sábado, na final do Mundial de Clubes e Jesus perdeu a terceira final continental/mundial (em quatro disputadas), cerca de um mês depois de ter revertido, na Taça dos Libertadores, o registo traumático nestes jogos decisivos.

O mundo do futebol poderia ser de Jorge Jesus, mas é Jürgen Klopp quem pode celebrar. Jesus continuará a ser, ainda assim, o herói de mais de 40 milhões de adeptos do “mengão”, já que a Libertadores e a Liga brasileira ninguém tirará do “bolso” do português.

A primeira parte teve duas fases bem diferentes. Um início de perigo constante na baliza brasileira e uma segunda metade de domínio do Flamengo. O jogo começou com a equipa de Jorge Jesus ainda a “apalpar terreno”, surgindo com a defesa muito subida – mais até do que tem sido habitual – e o Liverpool a explorar duas vezes a profundidade: Firmino falhou na cara de Diego Alves, aos 2’, e, aos 4’, Salah serviu Keita para um remate torto, na passada. Com o remate perigoso de fora da área de Alexander-Arnold, aos 5’, o Flamengo sofreu, em menos de 10 minutos, três momentos de sufoco.

O campeão brasileiro não só estava a ser incapaz de proteger o espaço atrás da linha defensiva – Diego Alves ajudou pouco, como estava a perder várias bolas na primeira fase de construção – um problema já bem identificado nesta equipa, sobretudo quando o adversário lhe condiciona a saída.

Mas, aos 20 minutos, isso mudou. Bruno Henrique conseguiu três boas saídas (ainda que sem boas finalizações), aos 21’, 23’ e 24’, e esse “esticão” na equipa fez crescer o Flamengo e, por extensão, deixou o Liverpool mais expectante. E Gabriel ainda teve uma boa oportunidade, aos 32’, depois de duas tabelas à entrada da área. Faltou pé direito, que “não existe” para “Gabigol”.

A equipa brasileira conseguiu quase sempre impedir Firmino de jogar em apoios frontais – e isso emperra muito o futebol dos ingleses – e jogou os últimos 15 minutos com posse de bola quase total, ainda que quase sempre inócua, em zona defensiva, com poucos passes verticais entre linhas.

Um jogo diferente

A segunda parte começou como a primeira. O Liverpool surgiu forte e pressionante e o Flamengo adormecido e, sobretudo, errático com bola. Firmino atirou ao poste aos 47’, depois de “picar” por cima de Marí, e Salah rematou para fora aos 50’.

Mas, ao contrário do que aconteceu na primeira parte, a segunda não “acalmou” e ficou pautada por um jogo muito aberto – algo que tanto Flamengo como Liverpool apreciam, mas que provoca muito desgaste.

Com “bola cá, bola lá”, a partida teve boas oportunidades de golo em ambos os lados – uma delas, de Gabriel Barbosa, mostrou que, afinal, o brasileiro tem pé direito. Valeu a defesa de Allison. E talvez tenha sido este tipo de jogo que impediu Jorge Jesus de lançar o ex-FC Porto Diego mais cedo no jogo, já que o médio não é conhecido pela velocidade e predisposição para transições. Mas este facto acabou por ser decisivo mais tarde no jogo. Já lá vamos.

Aos 66’ e 69’ houve perigo criado por Gabriel, contrastando com o bom remate de Henderson, aos 86’, para grande defesa de Diego Alves. O Liverpool parecia querer pouco do jogo, mas, com esta equipa inglesa, sabe-se que isso é uma ilusão. Até porque o Flamengo parecia estar claramente a acusar algum desgaste.

Aos 90+1’, uma transição deu penálti assinalado para o Liverpool, com amarelo a Rafinha. O VAR sugeriu ao árbitro a revisão do lance e este reverteu a decisão, anulando a falta. O Flamengo esteve a segundos de perder o Mundial nos descontos, por via de um penálti eventualmente convertido, mas salvou-se.

Já no prolongamento, uma nova transição inglesa deu problemas. Desta vez, problemas a sério. A equipa brasileira estava estranhamente balanceada para o ataque, até porque já nem tinha um meio-campo “musculado” com Gerson, mas sim com o mais passivo Diego. Sem transição defensiva e com a defesa desprotegida, Henderson soltou Mané, que serviu Firmino, e o brasileiro driblou Caio, deixou cair Diego Alves e finalizou sem guarda-redes. Jorge Jesus experimentava na pele a sensação de “morrer na praia”. Uma vez mais.

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