Bebé com 40 semanas morre na barriga da mãe. Hospital de Aveiro abre inquérito

Criança foi retirada do útero da mãe 14 horas depois de o óbito ter sido confirmado. Pais já anunciaram que vão apresentar queixa por negligência médica.

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Paulo Pimenta

O Hospital de Aveiro vai abrir um inquérito interno para averiguar “com total transparência e esclarecimento da verdade” o que aconteceu com uma mulher grávida de 40 semanas que perdeu o seu bebé, no sábado, quando estava internada na unidade de saúde devido a uma crise de asma aguda. A menina, já sem vida, apenas foi retirada da barriga da mãe 14 horas após a ecografia que confirmou o óbito.

Inconformada com a perda da filha e com o facto de ter ido várias vezes à urgência deste hospital nas últimas semanas com dores e falta de ar sem que a internassem, segundo conta, Thaynah Ferreira Souza já anunciou que vai avançar com uma queixa por negligência médica contra a unidade de saúde (que está integrada no Centro Hospitalar do Baixo Vouga, CHBV).

A jovem, de 24 anos e que sofre de asma, foi internada na quarta-feira no hospital, depois de lhe ter sido diagnosticada uma pneumonia, e o parto terá sido adiado devido ao seu estado de saúde. A cesariana foi, entretanto, marcada para esta segunda-feira no bloco central do hospital, mas no sábado à noite Thaynah Souza soube por um médico que a filha tinha morrido na sua barriga por volta das 23 horas.

Ouvido pela Sic Notícias, que revelou o caso, o pai, Alan Silva, contou que a mulher foi internada na quarta-feira e diagnosticada com uma pneumonia, depois de se ter deslocado várias vezes ao serviço de urgência com dores e falta de ar, sem que as queixas motivassem outro tipo de cuidado e um eventual internamento.

O Conselho de Administração do CHBV assegurou esta terça-feira em comunicado que vai averiguar o caso, apesar de uma “primeira auditoria” indicar que “todos os procedimentos adoptados tenham sido correctos”.

O centro hospitalar disponibilizou apoio psicológico à mulher, mas o casal já anunciou que pretende contratar um advogado para apresentar queixa por negligência médica, alegando que o parto devia ter sido antecipado e criticando o facto de a menina, já sem vida, ter sido retirada do útero 14 horas após a ecografia que confirmou o óbito. “A minha bebé estava morta dentro de mim. Isso faz-se com alguém?”, questionou Thaynah.

“Tentou salvar-se primeiro a vida da mãe”, justificou à TVI24 o director clínico do hospital, Frederico Cerveira. O médico explicou que o tempo de espera para retirar a criança se deveu ao facto de ela ter morrido à noite “e ser mais seguro, até por uma questão dos elementos que estavam de urgência, que são sempre poucos”.

“O Serviço de Obstetrícia do CHBV e os seus profissionais, desde o dia 1 de Janeiro de 2019, ajudaram a nascer mais de 1700 bebés, aqui, no Hospital de Aveiro, o que têm feito com elevado empenho e profissionalismo”, acrescenta o centro hospitalar no comunicado.

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