Pinto Luz quer PSD a “ganhar” autárquicas e “liderar” Governo

Candidato à liderança dos sociais-democratas diz que o partido está a “disputar o campeonato dos pequeninos”

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JOSÉ SENA GOULÃO/ LUSA
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Num cenário à americana, com mais de 200 convidados e apoiantes sentados em cadeiras brancas dispostas em círculo, Miguel Pinto Luz apresentou esta segunda-feira os seus objectivos como candidato à liderança do PSD: “ganhar” as autárquicas e voltar a “liderar” um Governo. O vice-presidente da Câmara de Cascais quer um PSD “reformista”, com a marca de Sá Carneiro, de Cavaco Silva e de Passos Coelho.

No Pátio da Galé, no Terreiro do Paço, em Lisboa, Pinto Luz deixou no palanque um recado ao actual líder, sem nunca pronunciar o seu nome. “Há quem olhe para o PSD e só goste de uma parte. Ora eu não sei o que é gostar a 50%, ou a 70% ou a 80%. Ou se gosta do PSD ou não se gosta do PSD! E quando se gosta do PSD, não se diminui o partido”, disse, acrescentando: “Quem não gosta deste PSD, dê lugar a quem goste e queira lutar por Portugal”.

A farpa era dirigida a Rui Rio, que reconheceu recentemente não apreciar certos aspectos da vida interna do partido, em resposta ao ex-ministro Miguel Relvas (que está fora do país e não esteve na sessão) que o acusara precisamente de não gostar do PSD.

Perante perto de 350 apoiantes (parte estava de pé), o autarca de Cascais traçou o retrato do estado actual do partido que considera estar a “disputar o campeonato dos pequeninos”, lembrando que, nos últimos 17 anos, o PSD baixou “mais de 12 pontos percentuais”, não chegando aos 28% nas últimas legislativas. O problema – adiantou – não é só de percentagens mas também de perda de “influência na sociedade” e de capacidade de agregar “os sectores mais criativos”.

Para projectar os objectivos do futuro, Miguel Pinto Luz recorda a história do partido que ganhou a “confiança dos portugueses para governar sempre que cultivou o reformismo” e “sem prestar vassalagem a outras forças sociais ou partidárias”. O candidato deu três exemplos de lideranças em que o PSD esteve em “ascensão”. Sá Carneiro, com quem o partido se tornou “uma referência incontornável de uma democracia liberal de estilo europeu”; Cavaco Silva, com quem o PSD “deu um novo impulso à economia portuguesa”, abrindo a comunicação social e a banca aos privados; e Passos Coelho, com quem o partido “voltou a ser portador de valores reformistas”, além de ter reconquistado a “autonomia financeira”.

Na assistência estavam alguns deputados – Ana Miguel Santos (escolhida por Rio para cabeça de lista por Aveiro nas legislativas de Outubro), Carlos Silva, Sandra Pereira e Alexandre Poço – além do vereador de Lisboa João Pedro Costa e de apoiantes como Carlos Carreiras, presidente da Câmara de Cascais, José Eduardo Martins, ex-secretário de Estado do Ambiente, e José Matos Rosa, ex-secretário-geral do partido. 

Como candidato à liderança do PSD, Pinto Luz traçou duas metas eleitorais: “Ganhar as próximas eleições autárquicas e naturalmente reconquistar a confiança dos portugueses para liderar o Governo”. São dois objectivos partilhados com Luís Montenegro, seu adversário na disputa pela liderança dos sociais-democratas, embora o antigo líder parlamentar já tenha colocado como fasquia a conquista de uma maioria absoluta.

Caso seja eleito, Pinto Luz promete fazer “uma oposição de confiança”, com “iniciativa política, “para inspirar os portugueses no desenvolvimento de uma alternativa à visão socialista e estatizante da sociedade”.

O candidato, que liderou a distrital de Lisboa entre 2011 e 2017, ensaiou mesmo um discurso de oposição, ao criticar o “sufoco” dos impostos e a falta de resposta na saúde ou na educação. “Este é o Estado socialista: não é justo nem é decente. É vergonhoso”, declarou.

Assumindo que quer fazer do PSD “a casa de todos os que não se revêem no socialismo”, o autarca de Cascais defende que é preciso “reunir” os melhores quadros e lembra as vozes que o partido já teve em algumas áreas: “Na cultura quem é hoje Vasco Graça Moura? Na sociedade de informação e tecnologia quem é hoje o nosso Diogo Vasconcelos? No ambiente quem é Carlos Pimenta ou José Eduardo Martins?”

No final da sessão, já em resposta aos jornalistas, Pinto Luz não quis colocar outro cenário que não o da vitória eleitoral nem sequer o da possível segunda volta, se nenhum dos candidatos ganhar à primeira. A candidatura é para “ganhar e, se possível, à primeira volta”, disse. Quanto à polémica sobre o pagamento de quotas, Pinto Luz quer passar ao lado e virar o discurso da corrida eleitoral para o debate de ideias: “É uma questão lateral”.

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