Vereadora do PSD na câmara de Coimbra passa a independente

Paula Pêgo absteve-se na votação do orçamento municipal, o que permitiu que documento fosse aprovado. Concelhia social-democrata pediu a sua “renúncia imediata”.

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Paula Pêgo DR

A vereadora Paula Pêgo afastou-se do PSD, partido pela qual foi eleita para a Câmara Municipal de Coimbra em 2017, mas mantém-se no cargo. Paula Pêgo, que não tinha pelouro atribuído, fazia parte do grupo de três vereadores sociais-democratas na autarquia de Coimbra. No entanto, depois de a vereadora se ter abstido, permitindo assim a aprovação do orçamento municipal e das grandes opções do plano para 2020, a concelhia do PSD de Coimbra emitiu uma nota em que pedia a “renúncia imediata” de Paula Pêgo ao cargo. 

A resposta chegou na reunião do executivo desta segunda-feira, numa intervenção preparada em que a vereadora fez um balanço dos dois anos que leva no cargo. “Continuarei a exercer o mandato de vereadora que me foi conferido democraticamente”, assegurou, para concluir com o pedido ao presidente da autarquia, Manuel Machado, para que passe a constar nas actas das reuniões como “vereadora independente eleita nas listas pelo PSD”.

O orçamento para 2020 ainda terá que passar pela Assembleia Municipal. Em reunião de vereadores, foi aprovado com cinco votos socialistas e a abstenção de Paula Pêgo, sendo que os restantes cinco vereadores da oposição votaram contra. Após a aprovação, o presidente da concelhia do PSD, Nuno Freitas, disse à Agência Lusa que a posição da vereadora relativa ao orçamento era “a gota de água num percurso politicamente sinuoso e indecente”, acrescentando que “não foi informado previamente da posição política”. Nuno Freitas referiu também que a vereadora tem tido “votações sucessivas em favor do PS e com claro desrespeito pelos eleitores de Coimbra”.

Nesta segunda-feira, Paula Pêgo defendeu o seu sentido de voto em vários momentos, dando como exemplo a criação de uma autoridade municipal de transportes, que tinha já sido aprovada por “decisão unânime da anterior câmara municipal”, ou a descentralização de competências, “resultante de um acordo celebrado do PSD com o governo PS”. Sobre o orçamento municipal para 2020, Paula Pêgo acrescentou que “grande parte das propostas apresentadas pelo PSD foram acolhidas”. 

Mas o orçamento não foi o único momento de desencontro entre a jurista e a estrutura local do PSD. Paula Pêgo tinha já sido nomeada para administração da Sociedade Metro Mondego (SMM) e para a administração do iParque, a sociedade que gere o parque tecnológico de Coimbra. Sobre esses casos, a concelhia disse que se tratou de uma “aceitação unilateral e extemporânea” de “cargos públicos remunerados nas sociedades iParque e Metro Mondego, a convite do PS”. Paula Pêgo negou receber qualquer remuneração pela posição que ocupa no iParque, mas afirmou que aufere uma remuneração mensal de 652,73 euros na SMM.

A declaração de independência de Paula Pêgo motivou a manifestação de solidariedade de vários dos vereadores socialistas. “Não quero dar o pretexto para a ofenderem a si, quando eventualmente me querem ofender a mim”, afirmou Manuel Machado.

O executivo autárquico de Coimbra, com 11 assentos, passa assim a contar com cinco elementos do PS (presidente e quatro vereadores), dois vereadores do PSD, dois do movimento Somos Coimbra, o vereador da CDU e Paula Pêgo, a agora independente. 

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