Poluição do ar extrema chega ao Paquistão e obriga a encerrar escolas

A concentração de partículas finas perigosas no ar no Paquistão é 23 vezes superior à máxima recomendada pela Organização Mundial de Saúde.

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A poluição na Índia já chegou ao Paquistão EPA/HARISH TYAGI

Um episódio extremo de poluição obrigou nesta quinta-feira o Governo do Paquistão a fechar todas as escolas de Lahore, capital da província de Punjab, a segunda maior cidade do país e onde vivem pelo menos seis milhões de pessoas. Um fumo espesso paira sobre a cidade, de acordo com testemunhos locais, situação causada, em grande parte, pelas queimadas generalizadas feitas durante a época das colheitas em toda a região.

Na Índia, do outro lado da fronteira, a poluição já tinha obrigado a encerrar as escolas no início da semana e as autoridades restringiram a circulação de veículos particulares nas ruas da capital. O nível recorde de poluição tem provocado uma crise de saúde pública e problemas respiratórios aos moradores de Nova Deli.

Todos os anos, no início do Inverno, uma combinação de factores naturais (como frio e vento) e humanos (queimadas agrícolas, emissões industriais e de automóveis, fogueiras para aquecer as pessoas) fazem com que o ar no sul asiático, nomeadamente em Nova Deli, capital da Índia, se torne do mais poluído do planeta.

O “celeiro” do Paquistão é uma das regiões mais afectadas

Estes factores também têm um forte impacto em Lahore, situada na região de Punjab, considerada como o celeiro do Paquistão. É prática popular entre os agricultores pobres queimarem aos restos da safra da temporada anterior para preparar a terra para o próximo plantio.

“Devido ao aumento da poluição atmosférica, todas as escolas de Lahore vão manter-se fechadas”, afirmou o ministro da província de Punjab, Usman Buzdar, numa mensagem divulgada na rede social Twitter nesta quinta-feira.

A concentração de partículas finas perigosas no ar é hoje 23 vezes superior à máxima recomendada pela Organização Mundial de Saúde. As partículas em suspensão aumentam o risco de doenças cardiovasculares e de cancro de pulmão.

“Ontem [quarta-feira], o vento estava a soprar da Índia para o Paquistão, pelo que toda a poluição que tem afectado aquele país viajou e afectou gravemente Lahore”, explicou à AFP o porta-voz da agência ambiental local, Naseem Ur Rehman.

No ano passado, as autoridades paquistanesas tentaram proibir as queimadas durante as colheitas de cereais e ordenaram a suspensão dos trabalhos nas fábricas de tijolos no início do Inverno, já que estes são dois dos principais factores de emissão de partículas nocivas, mas a principal fonte de poluição no Paquistão continua a ser, de longe, o tráfego de automóveis. Ainda assim, nada se fez contra isso, lamentam os especialistas ambientais paquistaneses.

No norte da Índia, e apesar de já terem sido detidos 84 agricultores, continuam a ser detectadas queimadas ilegais, disse a polícia local.

Desde o início das queimadas, no final de Setembro, “mais de 84 pessoas foram presas por violar a lei e 174 agricultores foram processados”, disse um oficial da polícia. Segundo as autoridades, foram registadas mais de 48.000 queimadas agrícolas desde o final de Setembro nos estados de Punjab e Haryana e mais de 17.000 incêndios na região nos últimos três dias. Este ano, o número de queimadas agrícolas aumentou dramaticamente na região, com mais de 40.000 fogos até o momento, em comparação com 30.000 em 2018.

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