Roupa, brinquedos, comida, cosméticos: no Ecomarket Organii houve sustentabilidade a granel

Pelo Armazém 16 sw Marvila, em Lisboa, passaram 15 mil visitantes, interessados em participar na “eco-revolução”. O mercado de produtos bio vai na sua quarta edição.

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Domingo de manhã, pouco depois das 10h, a fila para comprar bilhetes vai longa. O Ecomarket é já ali ao final do corredor, ou melhor, da linha férrea. Ao atravessar, não é possível imaginar as centenas de pessoas que vão participar na “eco-revolução” das irmãs Curica, em Lisboa. O Armazém 16, em Marvila, recebeu 15 mil pessoas, menos mil do que esperava a organização, para celebrar um mundo melhor e mais sustentável.

Depois da entrada, logo à direita, está a pop store Organii com um pouco de tudo o que se vende na loja de cosmética biológica, nascida em 2009 pelas mãos de Cátia e Rita Curica. “Olá, bom dia. Já conhece a Organii?”, pergunta uma colaboradora. Em destaque está uma mesa com produtos a granel, como sabonetes ou óleos. O objectivo é diminuir o desperdício e cada cliente pode levar apenas a quantidade desejada. Na pequena loja encontram-se produtos como a pasta de dentes sólida ou as escovas de dentes para infinitas reutilizações com recargas.

Mais à frente, decorrem os showcookings, em permanência. Os bancos em cortiça estão cheios de visitantes curiosos para ouvir o que os chefs ou nutricionistas têm para partilhar. Outros, curiosos, param apenas por uns instantes, para depois seguirem na incursão pelo mundo da vida mais saudável e sustentável.

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Nas bancas de cada marca, há sempre um simpático cumprimento, pronto a explicar o que estão ali a apresentar. Pelo caminho, é possível ir experimentando um pouco de tudo: chá, queijo vegan, pão biológico, bolo de chocolate, etc.. Mas como não só de pão vive o homem, estão representadas marcas de roupa sustentáveis, acessórios, brinquedos, utensílios de cozinha e muito mais.

Moda responsável

Ana Costa, fundadora da marca Baseville, fala sobre moda responsável para uma plateia atenta, repleta de mulheres. “A moda e o ambiente têm de andar de mão em mão”, defenda a engenheira do ambiente. Não é novidade, mas a afirmação é o ponto de partida para uma cronologia pelo mundo ancestral da moda. “A maior invenção de todos os tempos foi a agulha. O homo sapiens só sobreviveu porque tinha roupa”, explica a oradora. 

Durante os próximos 30 minutos, explica-se a moda desde a pré-história até à revolução industrial, quando aparece o primeiro tecido sintetizado. Hoje, garante Ana Costa, “as nossas roupas são produzidas demasiado longe para nos preocuparmos”. Não é por acaso que o tema da palestra de Ana Costa é a “responsabilidade na moda”, evitando assim utilizar o termo “sustentabilidade”. “A palavra sustentabilidade está a perder força, porque estamos a abusar dela”, defende a empresária. 

Juntam-se a Ana Costa, quatro mulheres a quem a responsabilidade na moda diz muito: Sandra Dias, fundadora da plataforma Terramotto; Cristiana Costa, fundadora da marca de roupa Naz; Margarida Marques Almeida, co-autora do blogue Style it Up; e Joana Silva, fundadora da Concious Swimwear.

O “green-washing”, uma lavagem cerebral sobre falsa sustentabilidade, é um dos temas abordados. Cristiana Costa garante que “há muito green-washing para o consumidor final, mas também para as marcas”. A certificação de uma matéria-prima pode não ser suficiente para garantir que esta é de confiança, explica aos presentes a empresária.

Margarida Marques Almeida defende que, quer do lado das marcas quer do consumidor, o mais importante é a transparência. “Se a marca nos transmite confiança é meio caminho andado para compramos”, relembra a blogger. Joana Silva concorda e explica que é preciso “fazer escolhas mais conscientes e ver onde investir”.

A mesa redonda termina com o apelo de Cristiana Costa: “Comuniquem connosco”. A jovem designer garante que é fundamental que o consumidor deixe a sua opinião e dê sugestões às marcas mais pequenas, porque só assim aquelas podem melhorar.

Em conversa com o PÚBLICO, antes do arranque do Ecomarket, Rita Curica, da organização deste evento de dois dias, dizia duvidar que alguém saísse do Ecomarket sem ficar, pelo menos, inspirado. 

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Texto editado por Bárbara Wong

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