Uma Lisboa Azul da mente, ocasionalmente animada

Luisa Fidalgo criou e protagoniza a nova e estranha série da RTP2, que tem estreia marcada para esta quarta-feira às 00h13.

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A série é uma criação de Luísa Fidalgo e segue a vida de Camila, personagem interpretada pela própria autora dr
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Do elenco constam nomes como Lia Carvalho, Mark Mekelburg, Tânia Alves, Maria do Céu Guerra (na foto) , Rita Lello, Miguel Mateus ou a modelo sueca Erika Linder. DR
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A primeira vez que alguém fala no episódio inaugural de Lisboa Azul ocorre quase aos 6 minutos e meio. Ou seja, mais de um quarto dos pouco mais de 22 minutos de duração. Não é habitual isso acontecer em televisão, muito menos na introdução de uma série, mas é assim que abre a criação de Luísa Fidalgo, que arranca esta quarta-feira às 00h13 na RTP2.

Os oito episódios, todos com realização de Joana de Bastos Rodrigues, seguem um dia na vida de Camila, personagem interpretada pela própria autora, uma jovem depressiva de 27 anos que vive numa Lisboa algo futurista. Fá-lo em português, inglês e italiano e com recurso a viagens frequentes à mente da protagonista em animação 2D, flashbacks e outras digressões. Do elenco constam nomes como Lia Carvalho, Mark Mekelburg, Tânia Alves, Maria do Céu Guerra, Rita Lello, Miguel Mateus ou a modelo sueca Erika Linder.

Sobre os silêncios, a autora explica ao PÚBLICO que “é uma série para ver com tempo, até um bocado ao contrário do que se faz agora, em que se não te agarra nos primeiros cinco minutos desistes”. “Acreditamos tanto nisto que era mesmo necessário este tempo de silêncio, passeio, para entrar na mente da Camila, que ela viaja e caminha e processa-se desta forma”, continua. Mesmo assim, "as coisas aceleram a partir do terceiro episódio", avisa. 

No texto de apresentação da série, o universo de David LynchBreaking Bad são duas das referências mencionadas. Esta última, que estava a ser vista pela autora “durante a revisão do guião”, é até mencionada pelo nome no segundo episódio. Já de Lynch foi beber a Twin Peaks, a sua série favorita. “Estava a ver aquela narrativa labiríntica e aquelas personagens muito próprias mas que acreditavas que eram possíveis na altura. Quando era pequena os meus pais não me deixavam ver, mas ouvia a música do Angelo Badalamenti e aquilo ficou-me presente”, menciona.

A série já foi rodada há um ano e está a ser idealizada há quatro. Foi um longo processo. Depois de The Coffee Shop Series, vinhetas curtas passadas num café que começaram na SIC Radical e transitaram para a RTP2, Luísa Fidalgo sentiu-se “capaz” de “escrever uma coisa maior”, conta. Apresentou-a então à estação. Passou seis meses a trabalhar nos guiões da série, depois revistos com a realizadora.

Quando começou, não sabia o que iria sair dali, só que queria tratar de “uma família fragmentada, um pai e uma mãe separados e quanto isso pode afectar a vida de uma criança, uma adolescente e depois uma pessoa adulta”. Também queria falar sobre “o cosmpolitismo de Lisboa” e “de saúde mental”. Sem ir muito pelo caminho da autobiografia, ao contrário da sua série anterior. “Há pequenos apontamentos aqui e ali, que quem me conhece muito bem vai reconhecer, mas eu não tenho depressão, foi complicado representar por causa disso, foi um estado que tive de estudar e perceber”, comenta.

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