A Greve Climática Global está aí. E estão todos convidados

Já são 28 as localidades portuguesas que confirmaram adesão à Greve Climática Global. Desta vez os estudantes não querem estar sozinhos: a greve é para todos e há sindicatos e associações que já se juntaram. Cortar 50% das emissões de gases com efeito de estufa até 2030 e o encerramento das centrais termoeléctricas de Sines e do Pego são algumas das reivindicações.

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MIGUEL MANSO

Esta sexta-feira, 27 de Setembro, os estudantes voltam a fazer greve pelo clima — mas, desta vez, querem que toda a população se junte a eles. Depois das greves de 15 de Março e 24 de Maio, as reivindicações mantêm-se e voltam a ser feitas exigências: a principal é a de “cortar 50% das emissões de gases com efeito de estufa até 2030”. Espera-se que, no mesmo dia, 170 países adiram à Greve Climática Global, com protestos marcados para quase 7000 locais.

Por cá, há concentrações confirmadas, para já, em 30 localidades de todo o país: Albufeira, Aveiro, Braga, Castro Verde, Chaves, Coimbra, Évora, Faro, Guarda, Guimarães, Ilha do Pico, Lagos, Leiria, Lisboa, Lousada, Moimenta da Beira, Penafiel, Pombal, Ponta Delgada, Portalegre, Portimão, Porto, Serpa, Setúbal, Sines, Tavira, Viana do Castelo, Vila Pouca de Aguiar, Vila Real e Viseu. A maioria das mobilizações está marcada para as 17h, para que os trabalhadores cujos sindicatos não aderiram à greve possam também participar. As excepções são Leiria, que deverá começar o protesto às 9h30; Guarda, Lousada, Penafiel, Serpa e Vila Pouca de Aguiar, que têm início às 10h30; Lisboa, às 15h, no Cais do Sodré, e Portalegre, às 16h.

Mais de 30 colectivos, associações e sindicatos portugueses subscreveram a Greve Climática Global. A Federação Nacional dos Professores (Fenprof) integra essa lista: “As questões climáticas e ambientais estão na primeira linha de preocupações dos professores, logo também da sua mais representativa organização sindical”, justificam, em comunicado. Também o Sindicato de Todos os Professores (STOP) e o Sindicato dos Trabalhadores da Saúde, Solidariedade e Segurança Social (STSSSS) entregaram pré-avisos de greve, permitindo aos trabalhadores destes sectores aderir à greve. 

A Amnistia Internacional escreveu a cerca de 3150 escolas portuguesas a apelar que autorizem os alunos a participar na greve. “O direito a um planeta habitável é como o Artigo Zero dos direitos humanos. É um direito inato que, infelizmente, as gerações mais novas foram obrigadas a reivindicar”, lê-se na carta assinada por Kumi Naidoo, secretário-geral da organização. 

Alguns municípios aderiram também à Semana do Clima e levaram a cabo algumas acções para sensibilizar a comunidades para as questões ambientais: Braga, Foz Côa, Funchal, Guimarães, Lousada, Leiria, Machico, Mangualde, Marco de Canaveses, Ovar, Praia da Vitória, Ribeira Brava, Santa Cruz, Silves, Tomar, Vila Pouca de Aguiar e Vila Real de Santo António associaram-se ao movimento e levaram a cabo acções de consciencialização durante a Semana do Clima. Braga, por exemplo, recebeu o CineClima, um ciclo de cinema dedicado exclusivamente ao clima. 

O manifesto da Greve Climática Global exige o encerramento das centrais termoeléctricas de Sines e do Pego já na próxima legislatura, o fim das “concessões petrolíferas de gás ainda existentes em Portugal e a revogação da legislação que permite o lançamento de novas concessões de petróleo e gás no país”, a proibição de “importação de gás natural”, entre outras reivindicações, que podem ser consultadas no site. Esta greve é o culminar de uma semana de acções: na última sexta-feira, 20 de Setembro, aconteceram vigílias no Porto e em Lisboa e na segunda-feira, 23 de Setembro, activistas da Climáximo invadiram a sede da Navigator Company, em Lisboa, “para denunciar falsas soluções e o greenwashing das celuloses”, lê-se no site.

Na sexta-feira, no Porto, depois do percurso entre a Praça da República e a Avenida dos Aliados, há também uma série de concertos no Jardim de São Lázaro, pelas 21h. A iniciativa é organizada pelo Bloco de Esquerda, sob o mote “Não há planeta B” e os concertos são de Expeão, Ruído Vário, DJ Urânio+Mo Sissi e DJ Farofa+Pati. A entrada é gratuita. 

Precisamos desta mobilização para salvar milhões de pessoas, para salvar a civilização e a biodiversidade”, referem os grevistas no manifesto. “Paramos porque não é possível continuar a fingir que será com pequenos remendos e ‘ambições’ que avançamos, mas sim com acções concretas e mudanças profundas, construídas socialmente para responder a um problema sem paralelo. Paramos pela vida.”

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