Indústria dos plásticos preocupada com prazos curtos de directiva europeia

Falta tempo para as empresas se adaptarem à nova directiva comunitária sobre os plásticos, cujos prazos são “apertados”, referiram vários oradores na “Plastics Summit”, organizada pela Associação Portuguesa da Indústria de Plásticos (APIP).

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Goncalo Dias

A directiva europeia dos “Plásticos de uso único”, que deverá ser transposta para o direito nacional até 3 de Julho de 2021 foi apresentada aos empresários do sector por Mafalda Mota, da Agência Portuguesa de Ambiente (APA), na primeira edição da “Plastics Summit” que decorreu hoje na Vista Alegre, Ílhavo.

Expostas as várias medidas da directiva, consoante o produto, entre medidas de restrição, de redução do consumo, de recolha selectiva de concepção ecológica ou simples sensibilização, foi com preocupação que a assistência ouviu falar dos prazos curtos definidos, sendo essa também a tónica dominante da mesa redonda que se lhe seguiu, moderada por José Eduardo Martins.

“Não vamos melhorar nada a proibir”, afirmou Ana Maria Carneiro, da Interplas, para quem o impacto da directiva na indústria transformadora vai ser “enormíssimo”, havendo apenas três anos para a sua implementação.

“Como é que é possível os transformadores ajudarem e terem soluções se não há uma estratégia fiável em termos de timing?”, questionou.

Já Gonçalo Lobo Xavier, director geral Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição (APED), considerou que se assiste a uma “diabolização do plástico, de que a distribuição é a face visível” nas redes sociais e salientou que “não se pode eliminar o plástico por decreto”, quando o problema “vem da má educação ambiental e dos maus comportamentos”.

Luís Garcia, da TRIVALOR, referiu que no caso do sector da restauração “há materiais mais fáceis de eliminar, mas para outros não há uma boa resposta” e sublinhou a importância da embalagem na protecção do produto, na segurança alimentar e na informação que presta ao consumidor.

Do meio académico Maria da Conceição Paiva, da Universidade do Minho, foi de opinião que se está a legislar “apressadamente”, por vezes com decisões que “deveriam ser mais amadurecidas, havendo “um fosso entre a política e o conhecimento científico” que dificulta essa ponderação.

Rui Berkemeier, da ZERO, e Sílvia Menezes, da Deco Proteste, trouxeram ao debate perspectivas diferentes, com o primeiro a lembrar que “também se disse que as empresas iam todas fechar, quando apareceu a questão dos sacos de plástico e não foi isso que aconteceu” e “houve um acordar da Europa muito importante” motivado pela poluição dos oceanos pelos plásticos, mas de que se vê apenas a ponta do icebergue, faltando perceber o real impacto na cadeia alimentar, por exemplo”.

Menos taxativa, Sílvia Menezes defendeu que a reutilização é o caminho preferível e não deve ser apontado o dedo apenas ao plástico, mas sim ao uso único de uma série de produtos.

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