Japão tem que despejar água radioactiva de Fukushima no Pacífico, diz ministro do Ambiente

Desde o acidente na central nuclear, em 2011, foram acumuladas mais de um milhão de toneladas de água usada para arrefecer os reactores.

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O acidente na central nuclear de Fukushima foi em 2011 Issei Kato/Reuters

O ministro do Meio Ambiente do Japão, Yoshiaki Harada, disse que a única solução para eliminar mais de uma tonelada de água radioactiva da central nuclear de Fukushima é despejá-la, depois de tratada, nas águas do Oceano Pacífico.

Desde o acidente na central nuclear, em 2011, a Tokyo Electric Power Company (Tepco, proprietária da estrutura), acumulou mais de um milhão de toneladas de água usada para arrefecer os reactores danificados. “Penso que não há outra hipótese a não ser lançá-la ao mar”, disse Harada, questionado sobre o destino da água contaminada.

“O Governo vai discutir este assunto, mas eu gostava de dar a minha opinião”, disse o ministro que, segundo o gabinete do primeiro-ministro Shinzo Abe, vai deixar o lugar no âmbito de uma remodelação governamental.

A opinião do ministro enfureceu os pescadores cujos representantes disseram que o impacte nas pescas será devastador. “As consequências destas declarações são incalculáveis e preocupam a indústria pesqueira, além de provocarem rumores prejudiciais”, disse a Federação Nacional das Associações das Cooperativas de Pesca.

Se o armazenamento da água radioactiva for mantido ao ritmo actual, a Tepco estima que ficará sem espaço para a guardar antes de 2022. Esse dado levou a empresa e o Governo a procurarem formas de resolver o problema.

A solução de despejar a água no Oceano Pacífico não é nova: em 2016 uma comissão de especialistas mandatada pelo Ministério da Indústria japonês concluiu que era a opção “mais rápida e menos dispendiosa”, mas não se excluíam outras possibilidades.

Nessa altura, a comissão de especialistas calculou que a diluição e libertação da água no oceano demoraria sete anos e quatro meses, e avaliou o custo da operação no equivalente a 28 milhões de euros. Outras técnicas apresentavam um custo entre dez e cem vezes superior e um período de entre oito e 13 anos para a água acumulada até então.

Desde 2015 a Tepco realizou várias descargas de centenas de toneladas de água processada, mas em volume abaixo do que a lei japonesa determina como limite para descargas.

Uma fonte ligada à comissão de especialistas referiu as dificuldades do processo de libertação da água no Pacífico, explicando que, para ser despejada, e de acordo com os tratados ambientais internacionais, precisa de ser sujeita a um apertado controlo dos níveis de diluição.

Para o Governo japonês, as várias soluções em estudo têm em conta o impacto ambiental mas também os danos que uma solução errada podem fazer à imagem internacional do Japão.

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