Pardal Henriques diz que só é candidato “por causa do primeiro-ministro”

“O que me fez tomar esta decisão de ser candidato foi o senhor primeiro-ministro e a forma e as atitudes que o Governo tomou contra os motoristas e contra os direitos dos trabalhadores em geral”, afirmou hoje Pedro Pardal Henriques.

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Marinho e Pinto e Pardal Henriques, actual cabeça de lista do PDR por Lisboa às eleições legislativas LUSA/MIGUEL A. LOPES

O ex-porta-voz do Sindicato Nacional dos Motoristas de Matérias Perigosas e actual cabeça de lista do PDR por Lisboa às eleições legislativas, Pardal Henriques, disse neste domingo à Lusa que só se candidatou “por causa do primeiro-ministro”.

“Até ao dia 18 [de Agosto, dia em que foi desconvocada a greve dos motoristas], a minha decisão era não ser candidato, pelo Partido Democrático Republicano (PDR) ou pelos outros partidos que me convidaram [...]. E o que me fez tomar esta decisão de ser candidato foi o senhor primeiro-ministro e a forma e as atitudes que o Governo tomou contra os motoristas e contra os direitos dos trabalhadores em geral”, afirmou Pedro Pardal Henriques, em declarações à Lusa por telefone, após uma acção de campanha nas Festas de Corroios.

O também advogado acrescentou: “O absurdo que aconteceu nesta greve, de colocarem a máquina do Estado e as diversas entidades, que deveriam estar a servir os portugueses, mas simplesmente estavam a servir os interesses do senhor primeiro-ministro e do Governo, foram os que me levaram a tomar a decisão de aceitar ser candidato pelo PDR”.

“Portanto, a única pessoa que me fez mudar de opinião foi efectivamente o senhor primeiro-ministro, porque acho que é altura de existir um partido que efectivamente se preocupe com os direitos dos trabalhadores”, reforçou o agora cabeça de lista por Lisboa do PDR.

Pardal Henriques considerou ainda “lamentáveis” as declarações do primeiro-ministro, numa entrevista à Lusa divulgada este domingo, e disse que “se não for por insegurança e medo [...], não são explicáveis”. A acção de campanha em Corroios levou o candidato do PDR a dizer ter sentido “as pessoas muito revoltadas com a postura do Governo em relação aos trabalhadores”, dando, por isso, “apoio” ao seu partido.

O PDR já tinha emitido um comunicado hoje de manhã em reacção à entrevista, no qual dizia que não podia “deixar de se insurgir e lamentar as declarações, no mínimo, infelizes de António Costa à Lusa, onde considera que a greve dos motoristas de matérias perigosas revelou uma instrumentalização de trabalhadores em prol de um candidato e, simultaneamente, uma ingenuidade por parte da comunicação social”.

No comunicado, o partido considera que “António Costa tem mais receio dos sindicatos independentes do que tem dos seus ex-aliados da “geringonça”, provavelmente porque os conseguiu calar e amarrar durante estes últimos quatro anos”.

E realça que o primeiro-ministro, na entrevista, “acusa veladamente o PDR de instrumentalização de um conjunto de trabalhadores para a promoção eleitoral de um candidato”, não deixando ainda de “criticar a comunicação social, a qual acusou de “ingenuidade” no tratamento do tema”.

Houve “instrumentalização de trabalhadores para a promoção eleitoral de um candidato"

António Costa considerou este domingo em entrevista à Lusa que a greve dos motoristas de matérias perigosas revelou uma “instrumentalização” de trabalhadores em prol de um candidato e, simultaneamente, uma “ingenuidade” por parte da comunicação social.

“Manifestamente tivemos aqui um caso onde houve uma instrumentalização de um conjunto de trabalhadores para a promoção eleitoral de um candidato”, disse António Costa, que concedeu a entrevista à Lusa na sua residência oficial. Quando questionado se poderá haver objectivos políticos por trás desses movimentos ditos inorgânicos, o líder do executivo concorda: “Se retirar o ponto de interrogação que é inútil na sua pergunta, tem a resposta”.

Costa não deixa, contudo, de criticar a comunicação social, a qual acusa de “ingenuidade” no tratamento do tema: “Acho absolutamente extraordinário, se me permitem, a ingenuidade com que a comunicação social se dedicou a promover e levar ao colo alguém que tem um currículo, quer junto dos nossos emigrantes em França, quer junto das empresas que dirigiu, quer da publicidade ilícita que faz à sua actividade”. “Isso é que a mim me deixou perplexo, mas acho que seguramente a auto-regulação da comunicação social há de ter tempo para reflectir sobre a forma como tratou deste assunto”, destaca.