Boris Johnson já é primeiro-ministro: “Temos que nos preparar para a remota possibilidade de um ‘Brexit’ sem acordo”

Novo líder do Governo britânico discursou em frente ao número 10 de Downing Street e voltou a garantir que o Reino Unido vai abandonar a União Europeia no dia 31 de Outubro.

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A rainha Isabel II com Boris Johnson The Royal Family

Boris Johnson já é primeiro-ministro do Reino Unido. Como manda a tradição, pediu permissão à rainha Isabel II para formar Governo, pouco depois de Theresa May ter apresentado a demissão, no Palácio de Buckingham.

Já à porta do número 10 de Downing Street, Johnson agradeceu a Theresa May e falou do “Brexit”, dizendo estar confiante de que vai conseguir concretizá-lo. Tem 99 dias para o fazer (May teve três anos) – a data estabelecida é de 30 de Outubro.

“Vamos conseguir fazer isto em 99 dias”, disse Johnson. “Mas não vamos esperar até ao fim do prazo”. Sublinhou a possibilidade de a União Europeia não querer renegociar os termos dos acordos: “Temos que nos preparar para a remota possibilidade de um ‘Brexit' sem acordo”.

“Tornou-se claro que há pessimistas, no país e no estrangeiro, que pensam que depois de três anos de indecisões este país se tornou prisioneiro dos velhos argumentos de 2016 e que nesta casa da democracia somos incapazes de honrar um mandato democrático”, disse o primeiro-ministro. “Por isso, apresento-me perante vós para dizer ao povo britânico que esses críticos estão errados – os que duvidam e os arautos da desgraça estão errados outra vez”.

Antes disso, um grupo de manifestantes da Greenpeace tentou impedir o automóvel em que seguia de se aproximar do Palácio Buckingham – o incidente durou poucos minutos. Os ambientalistas tentaram entregar a Johnson uma carta com propostas para responder à emergência climática.

A despedida de May com apelo a Corbyn

Ao início da tarde, também à porta do número 10 de Downing Street, May despediu-se dos britânicos e desejou boa sorte ao seu sucessor.

“Desejo-lhe, e ao seu Governo, toda a sorte para os meses e anos que se seguem”, disse. “O seu sucesso é o sucesso de todo o país”, disse a mulher que chefiou o executivo durante três anos, um período marcado pelos avanços e recuos do processo de saída do Reino Unido da UE. “Servir como primeira-ministra foi a maior honra para mim”, afirmou, partindo depois para a audiência com Isabel II.

Pouco antes, na sua última sessão no Parlamento de Westminster, May desafiou o líder do Partido Trabalhista, Jeremy Corbyn, a fazer o mesmo que ela: afastar-se. 

“Talvez possa pôr fim à minha relação com ele dizendo: como líder partidária que aceitou que o seu tempo acabou, talvez seja altura de ele fazer o mesmo”.

Muitos deputados trabalhistas estão descontentes com Corbyn, sobretudo devido à forma como está a gerir uma crise interna provocada por anti-semitismo na formação política. Mas também pela postura ambígua do líder do partido sobre o “Brexit”, que não agrada à ala remainer do Labour. Porém, Corbyn é apoiado pelas bases que, em 2016, confirmaram a sua liderança.

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