Governo Johnson: uma equipa de repetentes para enfrentar Bruxelas

É um executivo recheado de brexiteers, empenhados na saída do Reino Unido da União Europeia até 31 de Outubro, como prometido por Johson.

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Boris Johnson a entrar no n.º 10 de Downing Street Reuters

Mais de metade do Governo de Theresa May foi dispensado por Boris Johnson, ou demitiu-se. Foram afastados todos os apoiantes do seu rival na corrida à liderança do Partido Conservador, Jeremy Hunt.

Michael Gove

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Michael Gove EPA

Ganhou o lugar de número dois do Governo Johnson (o nome oficial é Chancellor of the Duchy of Lancaster). Era ministro do Ambiente de Theresa May - eurocéptico assumido, manteve-se na equipa até ao fim para fazer a ponte entre brexiteers e remainers. Amigo de Boris Johnson desde a universidade, foi grande aliado de Boris Johnson na campanha para o referendo do “Brexit”, em 2016. Quando David Cameron abandonou o Governo, depois do referendo, Gove virou costas a Johnson para tentar a liderança do Partido Conservador, e o cargo de primeiro-ministro. 

Sajid Javid, ministro das Finanças

Este ex-banqueiro, que foi vice-presidente do Chase Manhattan Bank com apenas 25 anos e trabalhou no Deutsche Bank antes de entrar na política, era ministro do Interior no Governo de Theresa May. Foi um dos candidatos à liderança do Partido Conservador eliminados pelo furacão Boris. Foi o escolhido por Boris Johnson para a pasta das Finanças, substituindo Philip Hammond, que se demitiu antes de May ir apresentar a sua demissão à rainha Isabel II. Javid, 49 anos, é um grande admirador da primeira-ministra Margareth Thatcher.

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Sajid Javid Reuters

Dominic Raab, ministro dos Negócios Estrangeiros

É um eurocéptico de primeira linha, que diz não ficar preocupado com a possibilidade de uma saída do Reino Unido da UE sem acordo. Demitiu-se de ministro para o “Brexit” em protesto contra o acordo assinado por May com a União Europeia, dizendo que o documento iria aprisionar o Reino Unido na esfera de influência do bloco europeu. Concorreu também à liderança do Partido Conservador. É filho de um refugiado checo judeu que fugiu dos nazis em 1938, e foi advogado especializado em direito internacional antes de entrar na política. Vai ocupar o lugar de Jeremy Hunt, que disputou a liderança tory com Boris Johnson. Foi também escolhido para first secretary of state.

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Priti Patel, ministra do Interior

Fez campanha pela saída do Reino Unido da UE, e foi ministra do Desenvolvimento Internacional de Theresa May, mas foi obrigada a demitir-se em Novembro de 2017, por não ter revelado reuniões com responsáveis israelitas que violaram o protocolo diplomático. Tem criticado a condução do processo do “Brexit” por May e votou contra o acordo que a ex-primeira-ministra assinou com Bruxelas e submeteu repetidamente a votação no Parlamento.

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Priti Patel Reuters

Andrew Griffith, conselheiro económico

Foi subindo na Sky, propriedade do milionário Rupert Murdoch, até se tornar em 2002 responsável pelas finanças da estação e ajudar a criar o maior grupo de televisão paga na Europa. Ex-candidato a deputado pelos conservadores, Griffith emprestou a Boris Johnson a sua casa em Westminster como quartel-general para planear os seus primeiros passos como primeiro-ministro. Terá a tarefa de reparar as relações com os empresários britânicos antes do “Brexit”.

Mark Spencer, chief whip 

Este deputado pouco conhecido vai ser responsável por fazer valer a disciplina de voto na bancada conservadora. É um papel fundamental, dada a falta de maioria na Câmara dos Comuns e as profundas divisões entre os deputados conservadores sobre o direito do Governo de avançar com o “Brexit”. Tem assento no Conselho de Ministros.

Ben Wallace 

Foi nomeado ministro da Defesa. Juntou-se aos remainers na campanha para o referendo, mas apoiou a candidatura de Boris Johnson e defende que o resultado da votação que determinou a saída do Reino Unido da União Europeia deve ser cumprido. Era secretário de Estado da Segurança.

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Ben Wallace DR

Stephen Barclay

Boris Johnson mantém Stephan Barclay como ministro para o “Brexit”. Chegou ao cargo inexperiente e sem apoios no Partido Conservador – ao contrário dos antecessores David Davis e Dominic Raab – e terá a difícil missão de angariar votos em Westminster para fazer aprovar o texto definitivo; não conseguiu. 

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