As munições de Jonas, “o Pistolas”, chegaram ao fim

Avançado brasileiro chegou ao Benfica em 2014 e vai despedir-se dos relvados na quarta-feira, no Estádio da Luz.

,SL Benfica
Fotogaleria
LUSA/MARIO CRUZ
,Futebol
Fotogaleria
LUSA/MARIO CRUZ
,Sporting CP
Fotogaleria
LUSA/MANUEL DE ALMEIDA
Fotogaleria
LUSA/MÁRIO CRUZ
,Primeira Liga
Fotogaleria
LUSA/MARIO CRUZ
Fotogaleria
Jonas é o segundo melhor marcador estrangeiro do Benfica LUSA/MANUEL DE ALMEIDA
Fotogaleria
LUSA/MÁRIO CRUZ
SL Benfica
Fotogaleria
Reuters/MIGUEL VIDAL
Fotogaleria
Reuters/RAFAEL MARCHANTE
,GD Estoril Praia
Fotogaleria
LUSA/TIAGO PETINGA
,SL Benfica
Fotogaleria
LUSA/FERNANDO VELUDO

Jonas anunciou esta terça-feira que vai terminar a sua carreira como futebolista. “Neste momento da minha vida, decidi encerrar a minha carreira de jogador profissional de futebol. E como não poderia ser diferente, quero celebrá-la com muita alegria”, disse o avançado brasileiro visivelmente emocionado num vídeo partilhado pelas redes sociais do Benfica.

O goleador, de 35 anos, convidou todos os adeptos “encarnados” a comparecerem no Estádio da Luz pelas 19h30, uma hora antes do apito inicial do jogo de apresentação frente aos belgas do Anderlecht, para assistirem aos momentos finais do seu percurso e apoiarem a equipa para a nova temporada. O site oficial do Benfica revelou que iam “viver-se muitas emoções” uma hora antes do primeiro jogo de pré-época das águias. 

O “Pistolas”, alcunha que foi chegando às bocas de milhares de adeptos nos últimos anos, jogou os dez primeiros minutos da partida que acabou 1-2 a favor do emblema belga.

O jogador juntou-se ao plantel na segunda-feira, no centro de estágios do Seixal, momento que o Benfica também fez questão de registar em vídeos e fotos publicadas nas redes sociais.

O futuro de Jonas esteve em discussão nas últimas semanas, à medida que o plantel do Benfica foi regressando ao trabalho. Vários cenários foram colocados em cima da mesa, até porque o jogador tinha mais um ano de contrato, mas depois de uma época marcada por lesões, com menor tempo de utilização do que as anteriores, o adeus foi o caminho escolhido.

O “Pistolas” que encontrou as armas certas no Benfica

Apesar de ter sido aposta de vários treinadores que passaram pelo Valência, clube que foi a sua primeira experiência europeia, Jonas acabou por rescindir com os espanhóis e chegou ao Benfica, a custo zero, a 12 de Setembro de 2014. O brasileiro queria fazer mais do que os dez golos que tinha apontado na época anterior e os “encarnados” procuravam um substituto para Óscar Cardozo (ainda o melhor marcador estrangeiro da história do clube), que pudesse fazer parceria no ataque com Lima.

Com o acordo fechado, o irmão e empresário de Jonas mostrou esperança de que o Benfica fosse capaz de “aproveitar muito bem o talento” do brasileiro. “Ele cresceu com uma bola. Tínhamos um campinho de futebol atrás de casa, o Jonas tomava duas mamadeiras por dia e depois ia jogar futebol. Começou no Guarani de Campinas, depois foi para o Santos. No Santos lesionou-se, ficou quase oito meses parado, voltou muito bem e o Santos vendeu-o para o Grémio. O Grémio emprestou-o à Portuguesa, onde foi melhor marcador, depois voltou ao Grémio, saiu para o Valência e foi goleador”.

Quer no idioma, quer nos golos, Jonas e Lima falaram rapidamente a mesma língua. Em 2015, o Benfica sagrava-se bicampeão com Jorge Jesus no comando. Mesmo tendo entrado em cena com o campeonato em andamento, foi o melhor marcador dos “encarnados”, e o segundo do campeonato (com 20, apenas a um golo de Jackson Martínez, do FC Porto).

A contagem de Jonas pelo Benfica iniciou-se na Luz em Outubro de 2014, à 7.ª jornada do campeonato, na goleada por 4-0 frente ao Arouca. Dias depois fez um hat-trick frente ao Sp. Covilhã para a 3.ª eliminatória da Taça de Portugal e cedo se tornou uma opção regular no plantel “encarnado” e acarinhado pelos adeptos.

Jonas, que chegou a ser considerado “um dos piores avançados do mundo” pelo jornal desportivo espanhol Mundo Deportivo, por não ter marcado golo três vezes no mesmo lance quando ainda jogava no Grémio​, não esperava em Portugal ter tido uma adaptação súbita e tão positiva pelo Benfica, onde o seu rendimento continuou a subir.

Sem Lima, mas com Mitroglou no ataque e Rui Vitória no comando técnico, o Benfica conquistou o tricampeonato nacional em 2015-16. Nessa época, Jonas voltou a ser uma das figuras-chave: foi o melhor marcador (34 jogos, 32 golos) e voltou a ser convocado para a selecção do Brasil, para disputar a Copa América. A técnica, os remates dentro e fora de área, a visão de jogo e o toque de bola continuavam a encantar os adeptos benfiquistas. E Jonas entrava na elite dos cinco jogadores do Benfica que tinham marcado mais de 30 golos num campeonato.

Depois de herdar a camisola número 10 de Nico Gaitán, a época 2016-17 foi atípica para aquilo que Jonas já tinha conquistado e construído no Benfica. O avançado, que em simultâneo era assediado pelo dinheiro do futebol chinês e ligado a um eventual regresso a casa, quis continuar em Portugal, mas foi traído por uma lesão no tornozelo direito, que se prolongou mais do que o esperado devido a uma infecção provocada por uma bactéria.

O brasileiro ficaria parado entre Agosto e Dezembro de 2016, mas acabaria por fazer 13 golos nesse campeonato que assinalou o inédito tetracampeonato do Benfica. Na época 2017-18 repetia-se o “estado de graça” de Jonas, que fez 37 golos em 41 jogos, mas sem que nenhum título fosse conquistado pelos “encarnados”.

No início da última temporada, a saída de Jonas voltou a estar em cima da mesa, com o futebol árabe a chamar pelo jogador. O brasileiro chegou a estar afastado de vários jogos do Benfica, incluindo os de acesso à fase de grupos da Liga dos Campeões, mas a “novela” tinha terminado com o avançado a confirmar que ficava na Luz para terminar a carreira

A “idade dos pais”, que “gostam muito de Portugal e do Benfica”, a gravidez da mulher e a proximidade com o presidente Luís Filipe Vieira foram aspectos importantes para esta decisão. Jonas disputou 31 jogos na época transacta, chegou a erguer a braçadeira de capitão e marcou 15 golos, todos eles efusivamente festejados pelos adeptos que viram a equipa conquistar o campeonato. Ainda assim, não esteve tantos minutos em campo quanto esperaria, devido a uma lesão lombar que estará também a pesar no ponto final agora anunciado pelo jogador. O último golo foi frente ao Portimonense, na 32.ª jornada.

Sugerir correcção
Ler 6 comentários