Câmara do Porto à espera do projecto para El Corte Inglés na Boavista

Empresa mantém direitos sobre o terreno da antiga Refer junto à rotunda e reiniciou contactos para abrir loja, retomando uma vontade que Rui Rio travou em 2003.

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Tal como em Gaia, o El Corte Inglès quer abrir loja junto ao metro, na Boavista Fernando Veludo

O El Corte Inglés reactivou o interesse pela abertura de uma loja no Porto, em plena rotunda da Boavista, e a previsão de abertura de uma nova estação de metro junto ao terreno sobre o qual têm, há quase duas décadas, direito de preferência, parece ter acelerado os passos para a concretização de um negócio que, no início deste século, foi abortado pelo anterior autarca da cidade, Rui Rio, que queria muito um centro dos espanhóis, mas na Baixa.

Década e meia depois de o antigo autarca de Gaia Luís Filipe Menezes ter anunciado que o El Corte Inglés ia afinal para a margem sul do Douro – onde os espanhóis abriram um centro em 2006, junto à estação de metro João de Deus – o vereador com o pelouro das actividades económicas da Câmara do Porto, Ricardo Valente revelou, numa iniciativa ligada ao mercado imobiliário, que o projecto para o Porto estava a ser reactivado.

Apesar de a Câmara do Porto não ter oficialmente, recebido nenhum Pedido de Informação prévia, ou projecto, a autarquia confirma ao PÚBLICO, ter conhecimento desta intenção da cadeia de retalho do país vizinho, que tem uma segunda loja em Portugal, em Lisboa. À Lusa, o vereador Ricardo Valente abriu algo mais o jogo e adiantou que o projecto a construir nos antigos terrenos da CP e da Refer, hoje nas mãos da Infra-estruturas de Portugal será “multifuncional”, incluindo ginásio e até um equipamento hoteleiro.

Na altura em que se assumiu a construção da Linha Rosa do Metro do Porto, que inclui uma estação subterrânea junto à Casa da Música, com ligação, também pelo subsolo, à que hoje existe e que serve as linhas para Matosinhos, Maia, Póvoa de Varzim e Aeroporto, a empresa abordou o município e, posteriormente, a Metro do Porto. A intenção era, na altura, perceber o impacto desta nova linha na propriedade cujo direito de preferência, assegurado logo em 2000, continuou a pagar, anualmente, como revelou o Expresso no final do ano passado.

Os contactos permitiram perceber que a nova linha de Metro não interfere com os planos da empresa para a propriedade em causa, ainda que a Metro venha a necessitar de expropriar uma parte dela para a nova estação. Pelo contrário, com a densificação da oferta de serviço público de transporte nesta zona da cidade, o interesse dos espanhóis - a quem o PÚBLICO pediu mais esclarecimentos - até terá aumentado. A ponto de estarem, segundo o vereador, prestes a avançar.

Não há valores de investimento previsto. Segundo Ricardo Valente, o grupo económico está “neste momento a tratar da questão do licenciamento”, facto que deixou a Câmara do Porto muito “satisfeita”. “Para nós, é extremamente relevante o desenvolvimento de um projecto naquela zona da cidade”, declarou à Lusa, sublinhando que “é fundamental que aquela área que é uma cratera” desapareça.

Ainda que não haja nenhum projecto entregue no município, à Lusa, Ricardo Valente, mostrou-se ainda convicto de que a construção do espaço comercial que tinha sido chumbada pela Câmara do Porto à data liderada por Rui Rio, possa arrancar em 2020, se os projectos de arquitectura ficarem prontos até ao final deste ano. com Lusa

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