No segundo dia de paralisação, 80% dos médicos fizeram greve

Números são da Federação Nacional dos Médicos. Sindicato de enfermeiros estima adesão entre os 80% e os 90%.

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Nuno Ferreira Santos

Cerca de 80% dos profissionais de saúde aderiram à greve dos médicos e enfermeiros nesta quarta-feira, no segundo dia de protesto conjunto dos profissionais do sector. O balanço é feito pela Federação Nacional dos Médicos (Fnam) e o Sindicato Democrático dos Enfermeiros de Portugal (Sindepor). O sindicato garante que, em alguns serviços, a paralisação foi “total”.

Os dados divulgados pelas duas estruturas são semelhantes aos que foram apresentados por várias estruturas sindicais na segunda-feira, no primeiro dia de greve dos médicos e enfermeiros.

Segundo a Fnam a greve teve uma adesão de 80% dos médicos. A participação no protesto foi superior nos blocos operatórios – 90% dos cirurgiões não trabalharam nesta quarta-feira – e inferior (70%) nas consultas externas hospitalares. Nos cuidados de saúde primários, como os centros de saúde, a adesão foi de 80%.

A Fnam defende que o nível de adesão dos clínicos mostra o seu apoio aos motivos da greve, que tem como alvo a “política de austeridade” na saúde, de que são exemplos as “excessivas horas de espera” nos serviços de Urgência, o encerramento de maternidades e blocos operatórios ou a falta de médicos de família.

Entre os enfermeiros, a greve está a registar, esta terça-feira, uma adesão “entre 80% e 90%”, segundo o Sindepor. O sindicato garante que em “alguns serviços” 100% dos enfermeiros aderiram ao protesto.

Por exemplo, no Hospital S. João, no Porto, há serviços com 100% de adesão, mas a média ronda os 90% a 95%. No mesmo hospital, das 12 salas operatórias, só três estão a funcionar.

No Hospital Amadora-Sintra a adesão à greve dos enfermeiros é de 80%, o mesmo acontecendo nos hospitais do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra. No hospital de Santa Maria, o Sindepor aponta para uma adesão entre os 85% e os 90%. O sindicato diz ainda que em alguns hospitais menos centrais, como Chaves e Barcelos, a adesão à greve é total.

No primeiro dia da greve, na terça-feira, os dados do Sindepor apontavam para uma adesão global a rondar os 75%.

Os enfermeiros reclamam o descongelamento das progressões de todos os profissionais, independentemente do vínculo ou da tipologia do contrato de trabalho e que sejam definidos os 35 anos de serviço e 57 de idade para o acesso à aposentação destes profissionais.

Exigem ainda que o Governo inclua medidas compensatórias do desgaste, risco e penosidade da profissão, assegurando as compensações resultantes do trabalho por turnos, defina condições de exercício para enfermeiros, enfermeiros especialistas e enfermeiros gestores que determinem a identificação do número de postos de trabalho nos mapas de pessoal e que garanta, no caso dos especialistas, uma quota não inferior a 40%.

Estão decretados serviços mínimos, como sempre nas greves no sector da saúde, que incluem todos os serviços de urgência, cuidados intensivos e outros, como quimioterapia e algumas cirurgias. A greve dos médicos termina esta quarta-feira. No caso dos enfermeiros, o protesto estende-se por mais dois dias.

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