Madrid abre mais um palácio histórico a visitas

É a residência dos duques de Alba e agora também museu. Nos salões da família, entre uma rica colecção de artes decorativas, brilham Velázquez, Goya, Murillo, Zurbarán, El Greco, Ticiano e Rubens – e uma primeira edição de D. Quixote.

Foto
DR

Quem caminha pela madrilena Calle de la Princesa (entre a Praça de Espanha e a Praça de Moncloa) dificilmente fica indiferente aos jardins e ao palácio por eles escondidos nos números 20 e 22. As dimensões impressionam logo à partida – o Palácio de Liria é a maior residência privada da capital espanhola (200 compartimentos) e o parque em seu redor é tão grande que surge nos mapas da cidade. O que poucos saberão é que no seu interior se guarda uma das mais importantes colecções de arte privadas do mundo – pintura, gravura, escultura, mobiliário, tapeçarias, livros, documentos históricos, porcelanas – aberto a visitas do público a partir de Setembro.

A residência oficial na capital da mais importante família da aristocracia espanhola (uma das “grandes de Espanha”), a Casa de Alba, vai abrir portas de salas e salões onde as peças poderão ser admiradas in situ – num palácio histórico do século XVIII, propriedade da Casa de Alba desde o início do século XIX. “Ao percorrer os seus salões é possível sentir a pegada dos séculos passados e conhecer não apenas a história de uma das mais notáveis famílias de Espanha como também alguns dos acontecimentos mais importantes do nosso país e do mundo”, afirmou o historiador da Fundação Casa de Alba (criada com a missão de preservar o património artístico e cultural da família) e responsável pelo projecto de abertura do Palácio de Liria, Álvaro Romero Sánchez Arjona.

Foto
DR

As 12 divisões abertas ao público (o palácio, onde viveu os últimos dias a duquesa Cayetana, provavelmente o mais popular membro da aristocracia espanhola das últimas décadas que instituiu a Fundação Casa de Alba, continua a ser residência privada do duque de Alba) foram seleccionadas de acordo com a sua funcionalidade, estilo artístico, época histórica e escolas nacionais. Da sala de banquetes ao salão de baile, passando pelos salões italiano e espanhol (onde estão os mestres do Século de ouro espanhol) e pela biblioteca (com 18 mil volumes), o percurso proposto é um vislumbre de uma história de (muita) fortuna e mecenato que permitiu à família relacionar-se com os principais nomes das artes e letras espanholas – e não só.

Isso descobre-se, por exemplo, numa primeira edição de “D. Quixote” e nas pinturas, que incluem obras de Velázquez, Murillo, Zurbarán e El Greco, com destaque para os retratos de membros da família por Goya (a XIII Duquesa de Alba) ou Ticiano e Rubens (o Grão-Duque de Alba). Rubens também assina um retrato de Carlos V e da imperatriz Isabel de Portugal entre outras obras de autores flamengos, holandeses e italianos que fazem parte do espólio da família.

DR
DR
Fotogaleria
DR

Nas artes decorativas, o palácio exibe uma colecção de relógios e mobiliário de várias épocas e estilos, complementado por conjuntos de porcelanas de várias fábricas (Sèvres, Meissen, Alcora, Buen Retiro), chegadas ao palácio pela mão da imperatriz Eugénia de Montijo, mulher de Napoleão III. As tapeçarias são parte incontornável, com destaque para o quadríptico “As Novas Índias”, da histórica fábrica parisiense Manufacture des Gobelins, e o tríptico “Jornada da Alemanha”, que o artista flamengo Willem de Pannemaker dedicou às campanhas do imperador Carlos V. Outros objectos históricos em exposição são o testamento do rei Fernando, o Católico, e cartas assinadas por Cristóvão Colombo – antepassado da família que também tem ligações à família real portuguesa.

Visitas: todos os dias – à segunda-feira com entrada gratuita entre as 9h45 e as 10h15 até à lotação do espaço; nos restantes dias, o preço de admissão geral é 14 euros (com direito a audioguia). Os bilhetes podem ser comprados online.

Sugerir correcção
Comentar